Matérias com um olhar crítico e acima de tudo ético. Visando um respeito e responsabilidade ao transmitir as informações à sociedade. Mostrar a população as várias "faces" do jornalismo.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
ANJ se opõe a Conselho de Comunicação do Ceará
Essas diretrizes chegaram a integrar o programa de governo da presidenciável Dilma Rousseff (PT), apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Diante da polêmica em torno das propostas, elas acabaram sendo retiradas do texto pela petista.
De acordo com o texto aprovado, o conselho integrará a Secretaria da Casa Civil do governo tendo entre suas competência a de “definir a política de comunicação estadual, por meio de estudos, pareceres e recomendações, além de acompanhar o desempenho e a atuação dos meios de comunicação local”.
A ANJ teme que, na prática, o futuro órgão, cuja existência ainda precisa passar por sanção do governador Cid Gomes (PSB), acabe sendo usado para controlar a imprensa. “Quem deve controlar os veículos de comunicação deve ser sua audiência.
Não cabe a nenhum órgão do Estado exercer este papel”, defendeu Pedreira. A proposta de criação do conselho foi aprovada por unanimidade na Assembleia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: www.jconline.com.br
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
"OS LEITORES E A IMPRENSA: Perguntas, perguntas, perguntas"
Começo aqui antes de mais nada, que quem acompanha meu blog, percebeu que passei um tempo, um bom tempo para esta grande mídia que é hoje 'internet', e por ela que parei mesmo, e me dei 'tempo', e após este, volto as minhas origens (talvez antagônicas) para fazer um "mini protesto", ou melhor, para aliar-me diante deste artigo escrito por: Washington Araújo, me fez voltar à tona, vamos dizer sonho e trabalho!
Por: Tayse Falcão
Qual o problema do jornalismo? De onde vem esse sentimento de que o nosso jornal já não é mais o nosso jornal? Desde quando o nosso jornal deixou de ser o nosso jornal? Como foi que se tornou árdua a leitura do jornal diário? Por que tenho a impressão que o meu jornal mudou de endereço, de idéias, de linhas editoriais e de eixo? Será que, bem antes que eu trocasse de jornal, este me trocou por outro tipo de leitor?
O que fazer com essa carga de lembranças que eu e o jornal fomos construindo ao longo de tantos anos? Por que me é difícil ler um editorial por inteiro sem levantar três ou quatro bem fundadas suspeitas de que estou sendo enganado e umas cinco ou seis de que eles estão me sonegando algo? Por que o meu jornal muda tanto de roupagem, mas não se arrisca a mudar, ao menos, de erros? Mudei eu ou mudou o jornal?
Por que é que quando o meu jornal diz que errou nunca está se referindo ao erro que realmente me incomodou e perturbou? Por acaso, estamos diante de uma epidemia a contagiar apenas jornalistas e deixá-los tão desaprendidos do ofício de fazer jornal diário? Estarei sendo punido por meu jornal por dedicar mais tempo ao jornalismo virtual que ao impresso? Quando a minha profissão, mesmo sem necessitar mais de diploma, continuará a exigir decência e retidão de caráter?
Físico e virtual
Por que tenho o estranho pressentimento que trocaram a tinta de impressão por naftalina líquida? Onde foi que guardei aquela minha velha ansiedade para ver o jornal do dia seguinte? Por que não verificam se já foi criado algum mecanismo para aferir a vitalidade das ideais de nossos editores, colunistas, repórteres? Terá chegado o momento de buscar o Arquivo Geral quando desejar usufruir a leitura de um bom texto jornalístico? O que fizeram com as grandes reportagens? Por que as notícias se tornaram tão extensamente opinativas e tão exageradamente burocráticas?
Quando é que passei a desconfiar que meu jornal sofria de dupla personalidade, aquela que fazia jornalismo e a outra que realizava atividade político-partidária? Por Deus, posso até ter mudado, mas não tanto quanto o meu jornal, aquele que me apresentava o mundo de ontem e de anteontem.
Por que dezenas de diários estão quebrando em todo o mundo? Por que, apenas nos últimos oito anos, nos Estados Unidos da América 120 jornais diários fecharam suas portas? Por que nem mesmo se salvam aqueles que considero como jornais de referência: El País da Espanha, Le Monde na França, The Times e The Independent no Reino Unido, Corriere della Sera e La Repubblica na Itália? Por que todos eles acumulam fortes perdas econômicas, quando não estão simplesmente no vermelho estão sempre rolando dívidas? E por que os grandes jornais constatam impressionante encolhimento de sua carteira de assinantes?
Por que a empresa editora do Chicago Tribune e Los Angeles Times, assim como a Hearst Corporation, dona do San Francisco Chronicle, decretaram falência? Por que o poderoso grupo de Rupert Murdoch, a News Corp., que edita Wall Street Journal, apresentam prejuízos anuais na casa dos milhões de euros? Por que, para diminuir custos, muitas publicações estão simplesmente reduzindo o número de suas páginas? Por que o Washington Post cancelou a impressão de seu prestigioso suplemento literário "Bookworld"? Por que o Christian Science Monitor decidiu acabar com sua edição de papel e passar a existir apenas na internet? Por que aconteceu o mesmo com o nosso Jornal do Brasil? Por que o Financial Times propôs semanas de apenas três dias para seus redatores? O que pretendem com isso?
Cargas de pessimismo
Por que a imprensa diária paga se encontra à beira do precipício e anseia desesperadamente por fórmulas que lhe garantam a sobrevivência no médio prazo? Por que a imprensa diária continua levando a sério um modelo econômico e industrial que não funciona? Quem garante que a opção por construir grandes grupos multimídia internacionais, como aconteceu nos anos 1980 e 1990, conseguirá enfrentar a proliferação dos novos modos de difusão da informação?
Por que aumenta o número de jornalistas desempregados? Por que desde janeiro de 2008 foram fechados 21 mil vagas de trabalho nos jornais com sede nos Estados Unidos da América? Por que na Espanha, entre junho de 2008 e abril de 2009, 2.221 jornalistas perderam seus empregos? Por que alguns analistas mostram-se reticentes quanto à continuidade de jornais impressos?
Por que Michael Wolf, da Newser, vaticina que muito em breve ao menos 80% dos jornais impressos norte-americanos desaparecerão? O que leva Rupert Murdoch carregar no pessimismo ao prever que na próxima década (que, aliás, já nos bate à porta) todos os diários simplesmente deixarão de existir?
Onde, onde?
O que é que agrava tão mortalmente a velha deliquência da imprensa escrita diária? Será que a devemos debitar apenas à crise econômica global que provoca enormes perdas da publicidade e ao mesmo tempo forte restrição de crédito? Quando foi que a informação passou a ser mercantilizada de forma tão escancarada? Como a perda de credibilidade tem contribuído para o ocaso da imprensa escrita? Caminha para ser letal ao segmento da informação impressa a concorrência com a imprensa gratuita?
O envelhecimento dos leitores tem papel determinante na caótica situação atual? Que outros males estruturais poderíamos citar para reflexão dos que se interessam por assuntos da mídia? Por que, hoje, cerca de 35 milhões de pessoas no Brasil já usam o celular para navegar na rede e, em uma imaginária "outra ponta", o número de leitores de jornais só faz cair, ano a ano?
Por que no Brasil a questão da sobrevivência da imprensa escrita é secundária à questão da liberdade de expressão? O horror econômico que se avizinha para a imprensa brasileira é decorrente do cerceamento à liberdade de expressão? Por que é mais seguro saber do desenvolvimento alcançado no Brasil por intermédio da imprensa que circula no exterior do que através da nossa imprensa? Por que é que diante dos novos "pecados capitais" do jornalismo os cidadãos se sentem vulneráveis em seus direitos? Onde é que vamos buscar informação confiável e de qualidade sobre qualquer assunto importante? Onde buscar a verdade dos fatos? Onde buscar a verdade? Onde buscar? Onde?
Por: Washington Araújo em 14/10/2010
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Multa a Ana Arraes é mantida
A coligação oposicionista acusou a Frente Popular de realizar pintura irregular em muro particular, enquanto a deputada Ana Arraes foi acionada por instalar outdoor de dimensão superior à estabelecida pela legislação em seu próprio comitê.
Ainda ontem, duas reclamações por propaganda irregular em emissoras de rádio foram impetradas no TRE: uma da Frente Popular contra a Pernambuco pode Mais e outra da Pernambuco pode Mais contra a Frente.
Por sua vez, a Prefeitura de Afogados da Ingazeira ingressou com reclamação contra a ex-prefeita e candidata a deputada estadual Gisa Simões (PMDB), por abrir um comitê ao lado da sede da municipalidade. A legislação determina distância mínima de 200 metros de prédios públicos para atividades eleitorais.
Fonte: www.jconline.com.br
terça-feira, 10 de agosto de 2010
15 anos sem o mestre Florestan Fernandes
Por causa da sua história de luta, empenho em transformar o pensamento em ação política e social e seu exemplo de vida e coerência, o MST fez uma homenagem ao lutador do povo batizando com seu nome a sua escola nacional, em Guararema, interior de São Paulo.
O pensador e ativista político está vinculado à pesquisa sociológica brasileira. Sociólogo e professor universitário com mais de 50 livros publicados, transformou as ciências sociais no país e estabeleceu um novo estilo de pensamento.
“Um grande intelectual revolucionário, como foi Florestan Fernandes, deve ser pensado em conexão com os grandes movimentos radicais, como é o MST. A conjunção de ambos neste evento é natural e anima a nossa esperança”, afirma Antônio Candido, crítico literário e professor emérito da USP.
Nascido na capital paulista em 22 de julho de 1920, Florestan começou a lutar já na infância para conquistar o próprio nome. A patroa de sua mãe o chamava de Vicente, por considerar que seu nome não era nome de pobre. Aos seis anos começou a trabalhar e, por isso, não conseguiu completar o curso primário. Terminou o ensino fundamental por meio do curso de madureza, conhecido hoje por supletivo.
Na adolescência, foi vendedor de produtos farmacêuticos. Aos 18 anos, começou a estudar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1947. Formou-se em ciências sociais e fez doutorado em 1951. Trabalhou como assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de sociologia.
Em 1964 se efetivou na cátedra. Foi mestre de sociólogos renomados.
Defensor da educação pública, gratuita e de qualidade, nos anos 60 participou de uma campanha pelo país a favor da escola pública, expondo uma das falhas mais dramáticas da sociedade brasileira, que é o descaso pela democratização e generalização do ensino.
Cassado com base no AI-5, em 1969, deixou o país e deu aulas nas universidades de Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Yale (EUA). Voltou ao Brasil em 1972 e passou a lecionar na PUC-SP. Não procurou reintegra-se à USP, da qual recebeu o título de professor emérito em dezembro de 1985.
Florestan esteve ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua fundação. Em 1986 filiou-se ao partido e exerceu dois mandatos de deputado federal. Foi um admirador e apoiador da luta dos trabalhadores Sem Terra.
"O subdesenvolvimento, em suma, tem alimentado o desenvolvimento. Esse paradoxo só desaparecerá quando os de baixo lutarem organizadamente contra a espoliação, exigindo transformações profundas na política econômica, nas funções do Estado e na estrutura da sociedade de classes", escreveu Florestan, que não via o destino da ex-URSS como o fim do socialismo e do marxismo, nem a globalização como a esperança dos excluídos.
Leia também
Florestan Fernandes segue vivo - homenagem do MST
Escola que leva nome do mestre pede ajuda
Fonte: http://www.mst.org.br/
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Frei Betto: Congresso absolve MST
O MST jamais desviou dinheiro público para realizar ocupações de terra — eis a conclusão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito(CPMI), integrada por deputados federais e senadores, instaurada para apurar se havia fundamento nas acusações, orquestradas pelos senhores do latifúndio, de que os movimentos comprometidos com a reforma agrária se apoderaram de recursos oficiais.
Em oito meses, foram convocadas 13 audiências públicas. As contas de dezenas de cooperativas de agricultores e associações de apoio à reforma agrária foram exaustivamente vasculhadas. Nada foi apurado. Segundo o relator, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), “foi uma CPMI desnecessária”.
Não tão desnecessária assim, pois provou, oficialmente, que as denúncias da bancada ruralista no Congresso são infundadas. E constatou-se que entidades e movimentos voltados à reforma fundiária desenvolvem sério trabalho de aperfeiçoamento da agricultura familiar e qualificação técnica dos agricultores.
O que os denunciantes buscavam era reaquecer a velha política — descartada pelo governo Lula — de criminalizar os movimentos sociais brasileiros. Esse tipo de terrorismo tupiniquim a história de nosso país conhece bem: Monteiro Lobato foi preso por propagar que havia petróleo no Brasil (o que prejudicou os interesses norte-americanos); foram chamados de comunistas os que defendiam a criação da Petrobras; e, de terroristas, os que lutavam contra a ditadura e pela redemocratização do país.
A comissão parlamentar significou, para quem insistiu em instaurá-la, um tiro saído pela culatra. Ficou claro para deputados e senadores bem intencionados que é preciso votar, o quanto antes, o projeto de lei que prevê a desapropriação de propriedades rurais que utilizam trabalho escravo em suas terras. E resolver, o quanto antes, a questão dos índices de produtividade da terra.
A investigação trouxe à luz não a suposta bandidagem do MST e congêneres, como acusavam os senhores do latifúndio, e sim a importância desses movimentos no atendimento à população sem terra. Eles cuidam da organização de acampamentos e assentamentos e, assim, evitam a migração que reforça, nas cidades, o cinturão de favelas e o contingente de famílias e pessoas desamparadas, sujeitas ao trabalho informal, ao alcoolismo, às drogas, à criminalidade.
Segundo Jilmar Tatto, os inimigos da reforma agrária “fizeram toda uma carga, um discurso muito raivoso, colocaram dúvidas em relação ao desvio de recursos públicos e perceberam que a montanha tinha parido um rato. Porque não havia desvio nenhum. As entidades e o governo abriram todas as suas contas. Foram transparentes e, em nenhum momento, conseguiu-se identificar um centavo de desvio de recurso público. Foram desmoralizados (os denunciantes), e resolveram se ausentar dos trabalhos da CPMI. (...) Foi um trabalho produtivo, no sentido de deixar claro que não houve desvio de recurso público para fazer ocupação de terras no Brasil. O que houve foi a oposição fazendo uma carga muito grande contra o governo e o MST”.
Os parlamentares sensíveis à questão social no Brasil se convenceram, graças ao trabalho da comissão, de que é preciso aumentar os recursos para a agricultura familiar; garantir que a legislação trabalhista seja aplicada na zona rural; e incentivar sempre mais os plantios alternativos e os alimentos orgânicos, sobre cuja qualidade nutricional não paira a desconfiança que pesa sobre os transgênicos. E, sobretudo, intensificar a reforma agrária no país, desapropriando, como exige a Constituição, as terras improdutivas.
Dados recentes mostram que, no Brasil, se ocupam 3 milhões de hectares com a lavoura de arroz e 4,3 milhões com feijão. Segundo o geógrafo Ricardo Alvarez, se compararmos com os 851 milhões de hectares que formam este colosso chamado Brasil veremos que as cifras são raquíticas. Apenas 0,85% do território nacional está ocupado com o cereal e a leguminosa. Um aumento de apenas 20% na área plantada significaria passar de 7,3 para 8,7 milhões de hectares, com forte impacto na alimentação do povo brasileiro.
Para Alvarez, o aumento da produção levaria à queda de preços, ruim para o produtor, bom para os consumidores. Caberia, então, ao governo implantar uma política de ampliação da produção de alimentos, garantir preços mínimos, forçar a ocupação da terra, combater o latifúndio, gerar empregos no campo e atacar a fome. Ação muito mais eficiente, graças aos 20% de acréscimo na área plantada, do que o assistencialismo alimentar.
O latifúndio ocupa, hoje, mais de 20 milhões de hectares com soja. No início dos anos 1990, o número beirava os 11,5 milhões. A cana-de-açúcar foi de 4,2 para 6,5 milhões de hectares no mesmo período. Arroz e feijão sofreram redução da área plantada. Hoje o brasileiro consome mais massas do que a tradicional combinação de arroz e feijão, de grande valor nutritivo.
Alvarez conclui: “Não faltam terras no Brasil, faltam políticas de distribuição delas. Não faltam empregos, falta vontade de enfrentar a terra improdutiva. Não falta comida, falta direcionar a produção para atender as necessidades básicas de nossa população”.
Fonte: www.mst.org.br
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Os rostos da tragédia
Cito aqui apenas os números para atender a essa sede – sempre insaciável – por quantificar a infelicidade: quantas vidas perdidas, quantas pessoas desalojadas, sem casa e sem ter para onde ir, qual o tamanho dos prejuízos materiais. Leio na Folha de S.Paulo que...

Uma semana após as chuvas que atingiram o município de Murici, a menina Jaquelina Maria da Silva, 9 anos, segura duas bonecas que vieram com as doações em um dos galpões improvisados como abrigo à beira da estrada, onde vive há mais de uma semana com a mãe Maria da Silva, 33. "Ninguém sabe o que vai ser da gente", diz. Esta foto poderia ser chamada solidariedade das bonecas, quando não sabemos exatamente quem abraça quem.

Sebastião José da Silva, 79 anos, avô de Jaqueline, guarda silêncio... Sebastião é daqueles seres humanos feito com barro de primeiríssima qualidade. Já passou por muitas secas e muitas enchentes e quem o conhece deve saber que foi pensando nele que Euclides da Cunha escreveu no seu Os Sertões que "o nordestino é antes de tudo um forte".

Maria Helena, 30, carrega um vaso sanitário em União dos Palmares. Foi a única coisa intacta que encontrou nos escombros da casa onde morava com o marido e dois filhos. Esta imagem traz consigo um choque de realidade. Maria Helena tem tudo para ser uma dos milhares de beneficiários do Bolsa Família (que alguns chamam de Bolsa Esmola).
É do Brasil que não mais se contenta em ser aquele gigante (sempre) adormecido em berço esplêndido. Do mesmo Brasil que pensa seriamente em ocupar a quinta posição dentre as maiores economias do mundo.

Em uma fotografia vemos não apenas o que está para ser visto, mas também o que desejamos ver. Neste pequeno Francisco, Carlos, André, Antonio ou Jeová, é ele que me olha. Há um quê de dignidade, uma aura de pequeno herói, uma altivez insuspeitada não fosse a destruição trazida com as águas.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Moças do tempo e as mudanças climáticas
O dilúvio que desabou há duas semanas sobre o Nordeste poderia ter sido menos desastroso se os alarmes fossem acionados com antecedência. Pouco adianta identificar a formação de um "evento meteorológico máximo" se não existe uma rede de comunicação confiável, capaz de levar esses avisos aos governantes e governados.
Os ingleses sabem quando pendurar o guarda-chuva no braço porque os seus jornais, rádios, televisões – e agora sua internet – jamais esquecem de avisá-los de que vai chover, ventar ou nevar. Ainda que levemente.
A mídia brasileira nunca prestou muita atenção à previsão do tempo, os editores a tratam como obrigação, chatice que só interessa aos idosos, imaginam que ninguém as lê, por isso não vale a pena caprichar, nem investir.
Nos telejornais em horário nobre, as lindas "moças do tempo" não conseguem explicar que a [temperatura] mínima em Curitiba nada tem a ver com a [temperatura] máxima em Tocantins. A culpa não é delas, é do jornalismo mundano e superficial que se adota no Brasil.
A obsessão pelos números – no caso a temperatura máxima e mínima – eliminou os dados analíticos e contextuais. O barômetro e o anemômetro são tão uteis ao leitor quanto a coluna de mercúrio do termômetro. Satélites e computadores oferecem elementos conjunturais que devem ser convertidos em informação sobre sensação térmica, duração, intensidade e periculosidade dos fenômenos.
Nada casual
Este Observatório já tratou deste serviço público repetidas vezes. Agora é obrigatório trazê-lo de volta diante da repetição e intensidade das tormentas – e porque as recentes plásticas operadas no Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo foram cosméticas e implacáveis com a meteorologia. Ambos encolheram ainda mais os quadrinhos do tempo da primeira página, esquecidos de que são o elo entre as mudanças climáticas e o cotidiano dos leitores.
No Estadão o quadro do tempo para o estado de São Paulo ou para o Brasil (na edição dita nacional) perdeu a sua porção essencial: desapareceu ou tornou-se irrelevante o pequeno texto que indicava a movimentação das massas de ar frio ou quente e demais elementos para uma razoável antecipação. A Folha (que vai muito na onda do Estadão) manteve a sua seção de meteorologia com dois mapas (estadual e nacional), desacompanhado de avaliações complementares.
O Globo oferece o mais completo conjunto de informações meteorológicas (dividas pelas zonas do Rio e regiões do estado, capitais do país e do mundo), mas é produzido por um empresa especializada.
Este é o problema: quantos jornais, rádios e emissoras de TV regionais dispõem de recursos e disposição para investir num serviço que os jornalões paulistas esnobam de forma tão flagrante?
O site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) fornece continuamente, online, um excelente acervo de informações meteorológicas, mas esta massa de informações precisa ser sintetizada e traduzida em linguagem corrente. Há redatores de meteorologia em nossas redações? Quantas escolas de jornalismo oferecem cursos de jornalismo científico?
"Vai chover?" deixou de ser umas pergunta casual. Pode ser a última antes que o seu carro ou sua casa sejam arrastados por uma inesperada enchente.
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br; Por Alberto Dines em 29.06.2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
CTNBio deve liberar arroz transgênico da Bayer no Brasil
O Liberty Link é herbicida de princípio ativo glufosinato de amônio e tem nome comercial Basta ou Finale (ambos da Bayer). O glufosinato é considerado tóxico para mamíferos e por este motivo será proibido na União Europeia a partir de 2017 por determinação do Parlamento Europeu.
Pesquisadores japoneses mostraram que a substância pode dificultar o desenvolvimento e a atividade do cérebro humano, provocando convulsões em roedores e humanos.
O Brasil é o país no mundo que mais utiliza agrotóxicos em suas lavouras. Na última safra, o país utilizou mais de 1 milhão de toneladas. A Bayer é a empresa que mais vende agrotóxicos no Brasil e sua aposta no arroz transgênico visa ampliar ainda mais esse mercado.
Em audiência pública, o pesquisador Flávio Breseghello, da Embrapa Arroz e Feijão, apresentou a posição oficial “autorizada pela presidência”, frisando que a empresa não é contra os transgênicos e nem contra a modificação genética do arroz, mas que neste caso o produto da Bayer “agravará os problemas já existentes”.
Na mesma audiência pública, os representantes dos produtores de arroz também manifestaram sua preocupação. Receiam perder mercado interno e externo caso a variedade seja liberada.
“Considerando que não existe consumo corrente nem mercado global para o arroz transgênico, concluímos que a entidade não é favorável nesse momento à liberação”, disse Renato Caiaffo Rocha, em nome dos produtores reunidos na Farsul e na Federarroz e do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA.
A Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05) criou uma instância acima da CTNBio, o Conselho Nacional de Biossegurança, formado por 11 ministros e presidido pela Ministra Dilma Rousseff. O CNBS tem o poder de dar a última palavra em relação a uma liberação comercial de transgênico no país.
Até o momento, a atuação do CNBS foi lamentável: deu razão à CTNBio e autorizou a liberação dos três milhos transgênicos que a ANVISA e o IBAMA recomendaram que não fossem autorizados.
A liberação do arroz LL tem também implicações econômicas bem graves, estando às principais entidades representativas dos produtores contra (Farsul, Federarroz e Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA).
Por: Tayse Falcão – Estudante de Jornalismo.
Caruaru/PE 23.06.2010.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Ausência de fiscalização causa ‘hidropirataria’ na Amazônia
O contra-almirante do Comando de Operações Navais do Ministério da Defesa, Antonio Fernando Monteiro Dias, afirmou que as denúncias sobre tráfico de água doce na Amazônia carecem de indicadores concretos. Segundo ele, as informações divulgadas na mídia sobre furto de água podem estar relacionadas às operações de lastro e deslastro dos navios que trafegam pelo rio Amazonas. Essas operações, que consistem na colocação ou retirada de água do tanque dos navios, são destinadas exclusivamente à garantia de manobras, estabilidade e segurança da circulação das embarcações. “Essas operações não podem ser confundidas com o furto de água.”
A estimativa é que cada embarcação seja abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Médio. A hidropirataria, como é conhecida a prática, foi confirmada por pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas.
A captação é feita, principalmente por petroleiros, na foz do rio, e o contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área. Para as empresas, essa água, mesmo em estado bruto, representa economia, pois o custo por litro tratado é muito inferior ao de processos de dessalinização de águas subterrâneas ou oceânicas.
Durante audiência pública na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, o contra-almirante garantiu também que a Marinha faz frequentes operações de inspeção e patrulha na área.
O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente,
Silvano Silvério da Costa, afirmou que até hoje não foi formalizada nenhuma denúncia de furto de água no Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Por: Tayse Falcão – Estudante de Jornalismo
Caruaru/PE, 22.06.10 às 18:17h
Restabelecimento da exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista realiza audiência pública amanhã
A comissão especial que analisa a PEC 386/09, realiza audiência pública para restabelecer a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista, nesta quarta-feira (23). Serão ouvidos professores e representantes de emissoras de rádio e TV.
O debate foi proposto pelos deputados Chico Alencar (Psol-RJ) e Francisco Praciano (PT-AM). O relator da proposta, deputado Hugo Leal (PSC-RJ), disse, na semana passada, que sua intenção é apresentar seu parecer até o dia 30.
O objetivo da PEC é reverter à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em junho do ano passado, acabou com a obrigatoriedade do diploma para o exercício de atividades jornalísticas. A decisão provocou protestos de entidades como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Segundo a Fenaj, a decisão do STF “rebaixa” a profissão, já que, em tese, até pessoas sem formação escolar poderão obter registros de jornalistas.
Para o advogado constitucionalista Ivo Dantas, o diploma e o registro de jornalistas - ao contrário da interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - não ferem a liberdade de expressão. Em decisão tomada há um ano, o STF acabou com a obrigatoriedade do diploma para o exercício de atividades jornalísticas.
Também favorável ao diploma, o secretário-geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos Vinicius Furtado Coelho, sugeriu que o texto contenha regras claras que garantam a participação de qualquer pessoa nos meios de comunicação.
Já os representantes das empresas do setor, como a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), alegam que a exigência do diploma fere a liberdade de expressão, e que na prática já existe a atuação na mídia de pessoas sem o diploma da área.
Por: Tayse Falcão – Estudante de Jornalismo.
Caruaru/PE 22.06.2010 – às 17:29.
Proposta de mudança no Código Florestal transfere para os Estados a competência de definir as áreas de proteção ambiental
Cândido Vaccarezza (PT-SP), defende a mudança do Código Florestal Brasileiro para ser adiada para depois das eleições, disse nesta segunda-feira, 21, que a orientação é assegurar o projeto para ser votado em um clima mais tranqüilo.
A bancada ruralista, que forneceu a maior parte das “contribuições” para a proposta assinada por Aldo Rebelo (PCdoB – SP), vai tentar manobrar para antecipar a votação, cuja votação está prevista para a próxima semana na comissão especial da Câmara.
A bancada ambientalista quer evitar que a decisão seja contaminada pelo clima eleitoral, mas também espera que a opinião pública se mobilize para o debate seja mais amplo.
Entre os seus principais pontos, a proposta de mudança do Código Florestal, transfere para os Estados a competência de definir as áreas de proteção ambiental, possibilita a redução de áreas de preservação permanente nas margens dos rios e muda as regras para definição de reserva legal.
O agronegócio brasileiro deverá crescer 40 %, o dobro da média mundial, nos próximos oito a dez anos, mesmo com as restrições atuais. Os dados estão contidos num estudo conjunto produzido pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) e pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Considera-se que atualmente, com a grande expansão da atividade, a exploração se aproxima de 50% das terras agriculturáveis. Ou seja, o Brasil pode seguir ampliando sua capacidade produtiva sem cometer o crime que é proposto no relatório assinado pelo deputado Aldo Rebelo. A grande responsabilidade de transferir para os estados as decisões sobre uma questão que é fundamental para a estratégia de desenvolvimento do país.
Por: Tayse Falcão – Estudante de Jornalismo
Caruaru/PE 22.06.2010 – às 15:26.
O fenômeno "Cala Boca Galvão"
A emissora não vai afastar o polêmico locutor durante a Copa do Mundo

É a internet mostrando como o fenômeno das redes está mudando comportamentos que no passado eram considerados utópicos, como, por exemplo, a Globo ter que deflagrar uma operação emergencial de marketing para evitar danos maiores à imagem de seu mais importante nome na Copa do Mundo.
Esta não é a primeira vez que o slogan "Cala Boca Galvão" aparece em faixas levadas por torcedores em estádios de futebol. A diferença agora é que mais do que um protesto ele se transformou num fenômeno de marketing viral na Web. E aí a Globo não pode ignorá-lo. Ela agiu rápido para tirar as faixas levadas para os estádios sul-africanos, usando o peso de sua influência junto aos organizadores do evento, e contra-atacou em seus programa

A emissora teve o cuidado de evitar a polêmica com os twiteiros, mesmo depois que estes criaram toda a espécie de confusões e equívocos misturando futebol com proteção a papagaios em extinção e supostos hits da cantora Lady Gaga. Até um clip com Hitler xingando o locutor circulou pela Web. Uma resposta mais agressiva atearia ainda mais fogo aos críticos de Galvão Bueno e a Globo sabia que o problema era menos visível.
Não se tratava apenas dos exageros verbais e os erros informativos de Galvão Bueno, mas do fato de que sua onipresença nas telas da Globo serviu como catalisador para um segmento do público que não gosta da hegemonia global na mídia brasileira. A emissora trata este tema com luvas de pelica porque sabe que na era digital uma fagulha pode se transformar num incêndio avassalador, em matéria de marketing de imagem.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Morre escritor português José Saramago aos 87 anos

José Saramago é considerado um dos mais importantes escritores contemporâneos, autor de obras que atingiram reconhecimento mundial, como "O evangelho segundo Jesus Cristo", "A jangada de pedra" e "Memorial do convento". Sua obra "Ensaio sobre a cegueira" foi levada aos cinemas pelo brasileiro Fernando Meirelles, o filme se tornou um sucesso mundial. Em 1998, sua prosa inventiva, a estética rigorosa e a constante preocupação social o fizeram merecer o Prêmio Nobel de Literatura, e de um prêmio Camões – a mais importante condecoração da língua portuguesa.
O autor era tido como o criador de um dos universos literários mais pessoais e sólidos do século XX e uniu a atividade de escritor com a de homem crítico da sociedade, denunciando injustiças e se pronunciando sobre conflitos políticos de sua época.
Em 2008, uma exposição sobre o trabalho de José Saramago foi exibida no Brasil. “José Saramago: a consciência dos sonhos” trazia cerca de 500 documentos originais e outros tantos digitalizados reunidos em um formato que, misturando o tradicional e a tecnologia moderna, levavam o visitante a uma agradável e rara viagem pela vida e pela obra do escritor português.
O escritor publicou no final de 2009 seu último romance, “Caim”, um olhar irônico sobre o Velho Testamento. O livro foi muito criticado pela Igreja.
Por: Tayse Falcão – Estudante de Jornalismo
Caruaru/PE – 18.06.2010 às 10:30h
Chuvas causam estragos, engarrafamentos e medo no interior de Pernambuco
Equipes da Codecipe estão se dirigindo a essas cidades para dar apoio às Defesas Civis municipais. Há informações de chuvas fortes também em São Caetano, Tacaimbó e Garanhuns, no Agreste. Mas até aqui, nenhuma ocorrência grave registrada.
Em Caruaru, um motorista tentou atravessa a passagem molhada no bairro riachão e caiu com o carro dentro do rio Ipojuca, por volta das 2h30 da manhã desta sexta-feira (18). O veículo já foi retirado do local, e o motorista passa bem.
Outros bairros também estão com ruas alagadas. Um levantamento da Codecipe mostra que nas últimas 24h choveu 97 mm na cidade. A média histórica para todo o mês de junho é de 81 mm.
Com as chuvas na região Agreste, o nível de água do rio Ipojuca, que corta algumas cidades do interior do Estado, está subindo a cada momento.
“Se continuar assim, acho que vamos ter grandes problemas”, disse assutado o comerciante Cledinaldo Ferreira, que estava no engarrafamento da BR 104 e aproveitou para conferir a situação do rio.
Ainda em Caruaru, o fluxo de veículos na BR 232 está parado neste momento por causa da elevação das águas do Rio Vasco. A Polícia Rodoviária Federal está no local.
Fonte: Publicado em 18.06.2010, às 08h31
Do JC Online
quinta-feira, 27 de maio de 2010
UFPE cria vírus artificial de HIV
O vírus foi obtido por meio de clonagem, usando uma técnica chamada PCR, sigla em inglês para reação em cadeia da polimerase. “Com a PCR, cortamos e colamos pedaços do DNA até construir um genoma do vírus HIV inativado”, explica o professor do Departamento de Genética da UFPE, Sergio Crovella.
O desenvolvimento do protótipo piloto, há duas semanas, teve apoio financeiro do CDC de Atlanta. O CDC, sigla para Centers for Disease Control and Prevention, seria o equivalente, nos EUA, à Fiocruz. Foram US$ 500 mil empregados na aquisição de reagentes e pagamento de bolsas nos últimos 12 meses.
A equipe que criou o vírus sintético é a mesma que está testando a vacina terapêutica. O medicamento é feito com células dendríticas, aquelas responsáveis pela imunidade do organismo.
A segunda fase, iniciada recentemente, tem duração prevista de três anos e o objetivo de alcançar 100% de eficácia. Os testes, na UFPE, são feitos no Laboratório de Imunopatologia Keiso Asami (Lika), em parceria com a o Laboratório LIM-56, da Universidade de São Paulo (USP).
É no Lika também onde a equipe pretende instalar uma fábrica de células dendríticas, usadas também em terapias contra câncer, hepatites e doenças autoimunes.
Crovella diz que a vacina autóloga, feita a partir do sangue extraído do paciente que receberá o medicamento, é mais dispendiosa. “Gastamos US$ 3 mil só para isolar o vírus, enquanto que o custo para cada dose de vírus sintético é de US$ 100”, compara.
O geneticista explica que o paciente responde bem ao tratamento com a vacina autóloga, porque o vírus pertence a ele. “Mas há dezenas de subtipos. Num vírus sintético podemos incluir as variações genéticas dos subtipos, permitindo que a vacina seja usada num grupo amplo de HIV positivos”, justifica o professor.
Outra vantagem da vacina terapêutica feita a partir do vírus sintético é em relação ao conforto do paciente. É que, para fazer a vacina com células dendríticas, é coletado o sangue do paciente em dez seções, cada uma com o armazenamento de 15 mililitros, para o isolamento do vírus.
No próximo mês, o primeiro protótipo de vírus recombinante será testado em células dendríticas para avaliar o perfil de expressão das células e depois a estimulação com o vírus.
“Nosso objetivo final é chegar a 2011 com a fábrica de células dendríticas para terapias vacinais já pronta para funcionar na UFPE. A estratégia vacinal será baseada no uso de vírus recombinante”, adianta o pesquisador. Ele lembra que, com o vírus artificial, será possível atingir um grande número de pacientes, de várias áreas do País.
A fábrica de células dendríticas, informa Crovella, será uma referência nacional na área. “Representa o futuro dos estudos de terapias vacinais em Pernambuco”, avalia. Para o geneticista, a contribuição do vírus geneticamente produzido ajudará na produtividade de vacinas em larga escala da fábrica.
Fonte: Do Jornal do Commercio - Publicado em 27.05.2010, às 03h09
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Pelo fim da impunidade
A procuradora defende que os crimes contra jornalistas no exercício da profissão deveriam ser acompanhados por promotores com investigação feita pela Polícia Federal, para evitar pressões de autoridades locais.
Em grande parte dos casos, os crimes ficam impunes. Janice Ascari citou o assassinato do jornalista Tim Lopes, que foi trucidado por traficantes quando fazia uma reportagem na favela Vila Cruzeiro, no Rio, em 2002. Um dos criminosos foi condenado a 23 anos de prisão, mas ganhou o benefício do regime semiaberto apenas três anos e nove meses depois, saiu para passar o dia em casa e nunca mais voltou.
A situação é ainda pior no interior do país, onde autoridades e políticos usam a pressão econômica para tentar calar a imprensa regional.
Fora do centro
Conforme lembra a procuradora, é muito comum que juízes corruptos ou mancomunados com autoridades corruptas emitam sentenças proibindo jornalistas ou pequenos jornais ou emissoras de rádio do interior de noticiar tal ou qual acontecimento.
Esse procedimento é muito comum para evitar que a população local seja informada sobre casos de irregularidades administrativas. Quando o jornalista desobedece, exercendo seu direito de informar, os acusados entram com nova ação, exigindo indenização. Novamente são protegidos pelos juízes, que estabelecem multas elevadas, procurando estrangular financeiramente o jornal ou emissora independente.
No momento em que o governo federal anuncia seu apoio à votação urgente do projeto Ficha Limpa no Senado – e aumentam as chances de valer ainda para este ano a restrição a candidaturas de cidadãos com problemas na Justiça – convém à imprensa encampar a proposta da procuradora federal.
Em geral, os atentados contra os direitos da comunicação têm grande repercussão quando as vítimas são os jornais de circulação nacional, mas é longe dos grandes centros que os jornalistas enfrentam os maiores abusos.
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br / Por Luciano Martins Costa em 19/5/2010Comentário para o programa radiofônico do OI, 18/5/2010
PT-PSDB: Diferenças?
Em que pese à intensa e já histórica disputa que travam os ataques verbais e acusações que trocam mutuamente e permanentemente, as diferenças dos partidos, principalmente programática e de método - o jeito de se fazer política - são menores do que se pensa. A afirmação pode parecer pouco compreensível e anacrônica ainda mais às vésperas das eleições e, sobretudo, quando se ouve reiteradamente que as eleições colocarão em disputa diferentes projetos políticos.
Nos últimos anos, entretanto, mais do que projetos políticos, PT e PSDB disputam o poder. O PT quando assumiu o governo não rompeu com a política econômico-financeira do PSDB e tratou de juntar à ortodoxia econômica políticas sociais de forte incidência junto aos mais pobres; agora tampouco, o PSDB romperá com as políticas sociais do PT.
Faz algum tempo circulam análises de que PT e PSDB são estampas da matriz paulista – o "motor" do capitalismo brasileiro – e com o advento da nova ordem econômica internacional, a globalização, a representação financista (PSDB) e produtivista (PT) fizeram com que os mesmos se aproximassem programaticamente.
A partir dessa perspectiva, Fernando Henrique Cardoso (FHC) teria governado oito anos a partir dos interesses paulistas articulados aos interesses do capital financeiro internacional, e Lula a partir do capital produtivo sem, entretanto, afrontar os interesses do capital financeiro.
O governo Lula passou a ser o grande modelo de governo mundial, um governo capaz de unir o que antes era impensável: o mercado com o social. Por um lado, preservam-se os interesses da banca financeira, e por outro, atende-se os pobres com o Bolsa-Família - um vigoroso programa social que distribui renda para mais de 12 milhões de famílias brasileiras. A síntese dessa singularidade é manifesta pelo livre trânsito de Lula no Fórum Social Mundial e no Fórum Econômico Mundial. Em ambos, Lula é aplaudido.
Para além da semelhança programática, PT e PSDB se parecem cada vez mais iguais no jeito de fazer política. A ruptura prometida com a 'Velha República' e inclusive com a 'Nova República', através do surgimento do PT que arrombou a política nacional pela 'porta dos fundos' e se apresentou com a grande novidade na política brasileira não se efetivou. O PT e o governo Lula repetem os velhos métodos condenáveis da política nacional, ou seja, o clientelismo e o fisiologismo como regra justificável para se manter a governabilidade.
Se o PSDB tinha o PFL como grande aliado, o PT tem o PMDB. Ambos, PFL e PMDB em seus respectivos momentos de partilha do poder arrancam o que podem - cargos e recursos - para dar sustentação política aos "titulares" do poder. Foi o governo de coalizão que fez ressurgir no cenário nacional figuras que julgavam-se superadas como José Sarney, Jader Barbalho, Romero Jucá, Geddel Oliveira, Collor de Mello, entre outras. Tudo passou a ser justificado pela governabilidade.
Tristemente o PT foi também aos poucos sucumbindo ao centralismo, caciquismo e personalismo. A defendida tese de que os partidos é que devem ser valorizados e não as pessoas, foi sendo deixada de lado. A realidade é que o PT foi engolido por Lula. É Lula quem decide, arbitra, define. Tudo passa por ele, do presidente do partido ao candidato à sucessão presidencial.
(*) Cesar Sanson* Pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores e doutor em sociologia pela UFPR.
Fonte: www.radioagencianp.com.br
terça-feira, 18 de maio de 2010
Classe artística realiza protesto em frente ao Santa Isabel

Artistas reclamam a ausência de produções locais nas comemorações dos 160 anos do Santa Isabel
Bobby Fabisak / JC Imagem
Incorformados com ausência de montagens pernambucanas nas comemorações dos 160 anos do Teatro Santa Isabel, representantes das artes cênicas recifenses reuniram-se em frente à casa de espetáculos durante o lançamento oficial do cronograma para protestar contra a Prefeitura do Recife. O encontro ocorreu enquanto eram apresentados o carimbo e o selo comemorativo do aniversário com a apresentação do grupo Sa Grama, apenas para convidados, nessa segunda à noite, no Recife.
Sob o coro de “Respeito, respeito, respeito”, artistas exibiram faixas, vestiram nariz de palhaço, soltaram fogos de artíficio, apresentaram performances e ainda deram a mãos num grande círculo para simbolizar um abraço ao teatro.
“Será possível que em 160 anos de história do Santa Isabel o teatro pernambucano não mereça ser nem mencionado? Exigimos respeito com a história e o peso das nossas artes cênicas e isso passa não só por esse momento notório do Santa Isabel, como pela necessidade de uma política cultural que enxergue a categoria”, disse o ator Sérgio Gusmão.
“É um retrocesso na história do próprio Santa Isabel, que no seu centenário teve uma bela programação local organizada por Valdemar de Oliveira e agora o teatro pernambucano que tanto evoluiu se vê completamente excluído de um momento de louros”, afirma o professor e crítico teatral Luís Reis.
No rol de contestações, além da valorização da classe com a inclusão no programa do Santa Isabel, os protestantes reinvidicavam incentivos públicos traçando um comparativos com os altos cachês pagos às atrações convidadas para a semana dos 160 anos do Santa Isabel. Na ocasião, ficou estabelecida a convocatória de uma assembléia para a próxima quinta (19), em que será redigida uma carta-aberta a ser entregue às autoridades da administração municipal e solicitada uma reunião com a Secretaria de Cultura.
O secretário municipal Renato L. refutou os argumentos dos queixosos afirmando que houve um ‘incêndio’ comunicativo provocado por uma má interpretação das palavras do prefeito e que não é justo dizer que a gestão exclui os artistas locais de suas políticas públicas ou mesmo do próprio Santa Isabel, como já havia argumentado ao JC Online antes do protesto. O secretário afirmou ainda estar prevista no calendário de comerações a encomenda de um espetáculo local especialmente produzido para o teatro a ser apresentado no encerramento das comemorações em maio de 2011.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Imprensa versus imprensa
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) querem que sejam investigados especificamente o grupo português Ongoing, que lançou no ano passado o jornal Brasil Econômico e adquiriu recentemente O Dia, no Rio de Janeiro, a empresa Terra Networks, de origem espanhola, que controla o portal Terra, além do iG, portal controlado pela operadora de telefonia Oi.
Segundo as representações das empresas brasileiras, os três grupos estariam infringindo o artigo 222 da Constituição, que limita a 30% a participação de capital estrangeiro nas empresas de comunicação, que precisam ser controladas por brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.
Os donos da mídia nacional alegam que o espírito da lei é o de proteger a cultura e a soberania nacional, mas destacam que "não é justa a concorrência entre empresas que seguem regras distintas, inclusive do ponto de vista financeiro".
Por enquanto, não há suspeitas sobre o grupo sueco que, associado ao Grupo Bandeirantes, edita o jornal gratuito Metro.
Briga boa
Embora a legislação brasileira seja clara, e semelhante aos sistemas de proteção da mídia em outros países, o rápido desenvolvimento da comunicação eletrônica sugere a necessidade de mudanças nas justificativas da proibição.
Ninguém pode impedir, por exemplo, que o New York Times publique um caderno em português, e não se pode exigir que, para isso, os editores desse caderno sejam brasileiros natos. Além disso, o desenvolvimento das mídias eletrônicas torna mais porosas as fronteiras culturais.
A questão, que ocupou também um debate promovido no Senado Federal com apoio das empresas de mídia, acabou sendo estendida às agências de publicidade, quando o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) defendeu que o controle dessas empresas também seja exclusivo de brasileiros, porque, assim como a imprensa, seus produtos têm forte influência sobre o comportamento da sociedade.
Mais um pouco e alguém poderia sugerir a proibição da exibição, por aqui, de filmes estrangeiros.
As empresas estrangeiras que estão investindo em mídia no Brasil certamente estão assessoradas com o melhor dos meios jurídicos. A briga promete ser boa.
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br / Por Luciano Martins Costa em 12/5/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 12/5/2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
Repercussão mal ajambrada
A entrevista do presidente Lula publicada no domingo (9/5) no importante diário espanhol El País repercutiu aqui da forma equivocada. Como sempre, aliás. No mesmo domingo, rádios e portais de notícias interpretaram uma frase do presidente fora do seu contexto.
Quando a entrevista se encaminhava para os resultados das próximas eleições, Lula fez uma candente declaração antigolpista: "Ganhe quem ganhar, ninguém fará um disparate. O povo quer seguir caminhando e não retroceder".
Foi um pronunciamento sumamente importante, dirigido sobretudo aos aloprados de todos os lados e destinado a desmentir um texto publicado na revista Movimentos, órgão oficial do PT (e comentado um dia antes no El País) onde se afirma que "o fantasma do golpe militar ainda ronda o Brasil" (ver "Una revista del partido de Lula afirma que `el fantasma del golpe militar´ aún acecha a Brasil").
Ansiosos por esquentar o noticiário do frio domingo, os plantonistas não perceberam o alcance político e democrático da afirmação de Lula e optaram por valorizar provocadoramente a sentença seguinte: "Mas deixe-me dizer que não vejo a menor possibilidade que percamos as eleições".
Direitos humanos
O texto do entrevistador, Juan Luís Cebrián, um dos fundadores do influente jornal espanhol e hoje alto dirigente da empresa que o edita, é extremamente sutil. Cita três vezes o famoso escudeiro de D. Quixote, o gozado Sancho Pança.
Ao mencionar o senso comum de Lula, compara-o com o governador da ilha da Barataria da mesma obra de Cervantes, e ainda diz que Lula assemelha-se mais à "loucura idealista" de D. Quixote. Cebrian considera as críticas de Lula a FHC como "injustas" e faz rasgados elogios ao governo do antecessor.
A entrevista teve o maior destaque (chamada na primeira página com foto e capa do caderno de "Domingo" onde se estende por quatro páginas) e contrasta visivelmente com a técnica pouco criativa do pingue-pongue, geralmente adotada na imprensa brasileira. Não é um conjunto de declarações, mas o relato de um encontro com perguntas e respostas claramente indicadas e combinadas às percepções do entrevistador.
Convém lembrar que El País elegeu Lula como "Homem do Ano" em 2009, mas logo em seguida criticou-o duramente pela sua posição na questão dos direitos humanos em Cuba. Convém lembrar também que o jornal espanhol, além de disponível na internet, tem uma edição impressa no Brasil. Neste caso, a tentação de manipular fica mais complicada.
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br / Por Alberto Dines em 10/5/2010Comentário para o programa radiofônico do OI, 10/5/2010
Caruaru abre a porteira para o forró eletrônico, mas com restrições. Confira a programação
"Está tudo em contrato. Teremos forró estilizado, mas nada deseducativo", disse José Pereira Souza. De acordo com o presidente, os próprios caruaruenses não admitem mais esse tipo de shows, segundo pesquisa feita na região.
Além de terem que se adequar a tais exigências, as bandas mais "polêmicas" ocupam um horário mais cedo na grade de shows. A prefeitura este ano lança as matinês, que começam às 18h e acontecem sempre aos sábados e ainda nos dias 28 e 29 de junho. "Muitos jovens de 12, 13 anos não têm oportunidade de assistir a alguns shows porque eles aconteciam de madrugada", pontuou José Pereira.
Confira aqui a programação da festa
O roteiro de apresentações da festa junina de Caruaru terá 32 dias. A programação começa dia 28 de maio, com Elba Ramalho, e vai até 29 de junho, com Aviões do Forró.
Pela cidade serão espalhados cinco polos, mas a grande disputa é por um cantinho no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, que suporta até cem mil pessoas no espaço que se transforma em uma cidade matuta.
O destaque, como sempre, acontece na véspera da noite de São João. Nomes inusitados para uma festa junina, quem vai se encontrar no palco para mostrar que de forró todo mundo entende um pouco é Zélia Duncan, Paulinho Moska, Luíza Possi e os pernambucanos Lenine, Ortinho e Junio Barreto. A apresentação ganha o nome de O maior baião do mundo, e o repertório será uma grande homenagem ao ritmo nordestino.
Em meio à Copa do Mundo, a prefeitura garante um telão gigante para os dias dos jogos do Brasil.
POLOS - O Polo Cultural da Estação Ferroviária vai abrigar um verdadeiro complexo junino, com direito a casinhas de cidade de interior, espaço para quadrilhas, para manifestações populares e moda junina. Os homenageados do São João deste ano (Tavares da Gaita, Banda de Pífanos de Caruaru, o poeta Rafael dos Santos Barros e os humoristas Ludugero e Otrope) serão lembrados com exposição de acervos e apresentação de esquetes.
O Polo Forró do Candeeiro vai ser montado dentro do Pátio de Eventos e representará o palco oficial de shows de artistas locais. Já no Alto do Moura, trio de forró pé de serra e bandas de pífanos vão animar um dos points preferidos da turma jovem na tarde de Caruaru.
Fonte: www.jconline.com.br
sábado, 17 de abril de 2010
MST: As políticas comunicacionais do movimento
Toda tecnologia de comunicação e informação deve ser observada como potencializadora de transformações no tecido das relações sociais, na constituição dos movimentos e da conduta dos indivíduos. Por essa via, um dos problemas que preocupam os movimentos sociais – até porque tem influência direta na continuidade de suas lutas e na sua própria garantia enquanto organização – é o crescente processo de midiatização social.
Especialmente no caso do MST, devemos observar as afetações da midiatização a partir de dois movimentos diferentes, mas que se complementam. O primeiro diz respeito às afetações da mídia externa, como os ataques constantes que o MST sofre dos grandes grupos de comunicação, como a Bandeirantes e Rede Globo. Nesta perspectiva, as afetações midiáticas não dão muita folga para o MST. Ele precisa agir rapidamente, quase sempre na defensiva e sua ação midiática é mais reativa do que programática. O segundo modo de compreender as afetações da midiatização no MST é observando o desenvolvimento de seu próprio campo midiático. Então, a midiatização é mais relacional e não tanto transversal, como diz o pesquisador Antonio Fausto Neto. Nesta perspectiva, há uma folga para o MST empreender seu agir midiático, tanto no desenvolvimento de seu próprio arsenal comunicativo como nas ações mais programadas, como, por exemplo, a divulgação das marchas e outros eventos.
Os grandes desafios
Uma pergunta recorrente é se o MST se configura como um movimento midiatizado ou em processo de midiatização. Sem dúvida achar que tudo está midiatizado é reduzir a complexidade e a riqueza dos processos sociais, especialmente a dimensão criativa, bem como a incompletude da vida humana. Por outro lado, seria outro erro desconsiderar as afetações midiáticas sobre os rumos desse movimento. A criação, gestão e funcionamento das experiências comunicacionais do MST também são expressões da criatividade de sujeitos que almejam, em alguma proporção, à construção da cidadania, e não, exclusivamente, resquícios da cultura midiática. A midiatização está imbricada nisso, mas não é a medida de tudo. Na mesma direção, a natureza das ações comunicacionais do MST, na maioria das vezes, não tem a intenção de ser midiatizada e, pela impossibilidade de acesso à técnica, como, por exemplo, as manifestações comunicacionais, como as marchas e ocupações realizadas secretamente na escuridão da noite. Se definirmos qualquer manifestação comunicacional como midiatizada, corremos o risco de simplificar a existência deste movimento social somente a partir da cultura tecnológica. O MST, muitas vezes, age midiaticamente, mas não somente sob esta perspectiva. Se o MST fosse um movimento apenas midiático, os pés de laranja da Cutrale não seriam derrubados, como também as demais ações seriam melhor programadas, tendo em vista a boa imagem midiática.
Obviamente que os grandes grupos de comunicação influenciam a construção do processo comunicacional do MST, mas da mesma forma, esta mídia tradicional também é afetada pelo MST. Neste caso, há graus de afetação que variam de acordo com o veículo ou situação de comunicação. Por exemplo, muitos veículos do MST, especificamente os de massa, como o site e, cada vez mais, os vídeos produzidos para o YouTube, foram criados ou ativados a partir da necessidade de dar respostas aos ataques da grande mídia. Por outro lado, a afetação da mídia é relativa, especialmente quando tratamos de veículos desenvolvidos para ações mais pontuais. Como salienta um dos fundadores da Rádio Terra Livre FM, emissora localizada em um assentamento do MST: "Depois que conseguimos a terra, a gente não estava muito aí com o que a mídia falava de nós. Esta rádio nasceu para entreter o povo e também para ajudar a nossa cooperativa aqui nos assentamentos", relata. Há poucos dias, revisei um dos jornais do MST que irá circular pelo estado de Santa Catarina. De todo o conteúdo, apenas algumas linhas fazem crítica aos conteúdos da grande mídia. As demais matérias objetivam a publicização das conquistas do MST no estado, como também dicas sobre culinária e beleza.
Na sociedade em processos de midiatização, como pensar uma política de comunicação que contemple as inúmeras e complexas ações desenvolvidas por diversos sujeitos em praticamente todos os assentamentos do MST? Para alguns militantes do MST, ações normativas, como proposições político-documentais, podem, muitas vezes, reduzir, e não potencializar, ações comunicacionais, especialmente as protagonizadas pelo rico imaginário popular ou pelas pequenas necessidades do cotidiano. Nesta direção, identifiquei que o MST depara com a diversidade e a deslocalização de costumes e valores erigidos e operados pelos novos fluxos e fontes de informação.
Sem dúvida, essa diversificação informacional e a difusão da cultura e de mediações para além das cercas deste movimento social são os grandes desafios que o universo da midiatização impõe à construção de sua política comunicacional. Lanço a hipótese de que a própria elaboração político-documental do MST sobre a comunicação será conduzida, cada vez mais, pelo campo da experiência comunicacional, do retorno a questões do cotidiano de sua base, esta cada vez mais afetado pelas lógicas e demandas da sociedade em midiatização.
www.observatoriodaimprensa.com.br / Por Joel Felipe Guindani em 13/4/2010
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Lutar é Lei!
Segundo a Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Pernambuco, 57% dos latifúndios cadastrados no órgão são IMPRODUTIVOS, o que dá um total de 411.657. Há terras improdutivas no estado, área suficiente para assentar as 23 mil famílias que vivem hoje acampadas em todo o estado. Isso sem contar as áreas devedoras da União e que desrespeitam a legislação trabalhista e ambiental, e que são, portanto, passíveis de desapropriação para Reforma Agrária, segundo a Constituição Federal. Apesar disso, em 2009 o Incra obteve apenas um imóvel, assentando míseras 70 famílias em todo o Estado.
Lutar por Reforma Agrária em todo país, especialmente no dia 17, está previsto na lei.
Nesta semana, o MST deu início a Jornada Nacional de Lutas, realizada em memória dos 19 companheiros assassinados no massacre de Eldorado dos Carajás, durante a operação da Polícia Militar, em 1996.
Das 17 mil famílias do MST que vivem em acampamentos, muitas estão acampadas há mais de cinco anos, vivendo em situação bastante difícil à beira de estradas e em áreas ocupadas, que são vítimas da violência do latifúndio e do agronegócio
Em 2002, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assinou o decreto que transformou o dia 17 abril, data do massacre, no Dia Nacional de Luta por Reforma Agrária.
Veja abaixo o decreto.

Por: Tayse Falcão, estudante de Jornalismo, Caruaru/PE.
terça-feira, 13 de abril de 2010
MST assenta em 15 localidades de Pernambuco
As ações ocorreram em seis cidades de todas as regiões pernambucanas, envolvendo um total de 870 famílias, segundo o MST. No Agreste e Zona da Mata, as mobilizações ocorreram no engenho Curupati, em São Lourenço da Mata, engenho Pará, em Camutanga, e na fazenda Taquari, em Passira.
Na cidade de Belém do São Francisco, no Sertão, ocorreu a maior mobilização do MST em efetivação dos assentamentos das famílias. Duas propriedades foram ocupadas, as fazendas Cacimba Nova e Aipueira. Na primeira, 110 famílias montaram acampamento e na outra mais 150. As outras ocupações ocorreram na região da fazenda Jatinã, em Itacuruba, e na fazenda Passarinho, em Ibimirim.
Durante o primeiro dia do Abril Vermelho, no domingo, os sem-terra abriram acampamento em oito outras áreas no Estado, totalizando 2.080 famílias. As ocupações das áreas devem ocorrer até o dia 17 de abril, Dia Internacional da Luta Camponesa. Nessa mesma data, há 14 anos, ocorreu o massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, quando 19 sem-terra foram mortos em confronto com a polícia.
Por: Tayse Falcão, estudante de Jornalismo, Caruaru/PE.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
MST ocupa engenho em São Lourenço; ocupações chegam a nove
O novo assentamento aconteceu no Engenho Curupati, em São Lourenço da Mata, pertencente à Usina Bulhões. Segundo o departamento de Comunicação do MST, o proprietário com seguranças armados fez ameaças para os manifestantes saírem, o que não aconteceu. Não houve conflito direto. Esta já é o segunda assetemanto do MST na mesma usina, nesta jornada. Em 2008, outro engenho foi assentado.
O MST espera atingir todas as regiões do Estado ainda esta semana. Segundo Jaime Amorim, as ocupações estão acontecendo sem maiores conflitos. "Estamos com dificuldades de contactar nossos companheiros no interior, mas o número certamente aumentou", disse. Esta mobilização, segundo ele, é uma resposta ao desempenho do Incra do Recife e de Petrolina em relação aos assentamentos em Pernambuco. "É o pior ano do órgão desde sua criação. Tivemos apenas 70 famílias assentadas no Estado todo e isso ajudou a aumentar a pressão de articular essa jornada no Estado todo", disse.
No próximo dia 17 deste mês, o MST fará uma mobilização no Recife para homenagear os mortos da chacina ocorrida em Eldorado dos Carajás, em 1996. Estão planejadas passeatas e comícios.
Fonte: www.jconline.com.br / Alterações feitas: Tayse Falcão. Matéria Por: Tayse Falcão
domingo, 11 de abril de 2010
MST dá início a jornada pela reforma agrária em Pernambuco
Os assentamentos aconteceram no município de Maraial, Mata Sul do Estado, onde 100 famílias assentadas o Engenho São Salvador. Em Moreno, Região Metropolitana do Recife, o Engenho Poço de Anta foi assentado e também na cidade de Tacaratu, Sertão do Estado, o assentamento aconteceu na Fazenda Salgadinho.
Em 2000, o Engenho Poço de Anta já havia sido assentados pelos Sem Terra. O massacre de Eldorado de Carajás aconteceu no dia 17 de abril. A data ficou conhecida como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Por: Tayse Falcão
sábado, 10 de abril de 2010
Irmão gêmeo identifica corpo do presidente da Polônia
Kaczynski viajou para Smolensk - localizada perto da fronteira com a Bielo-Rússia - para visitar o local do acidente junto como o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk. O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, que assumiu o comando das investigações do acidente aéreo, se juntou a Tusk para examinar o local e deixar flores nas ferragens do avião, segundo a RIA Novosti. Os dois chefes de governo se abraçaram e se juntaram às equipes de busca que ainda trabalhavam no local.
Turk e Jaroslaw Kaczynski voaram para a cidade de Vitebsk, na Bielo-Rússia, e chegaram a Smolensk de carro.
Segundo um correspondente da AFP, os corpos do presidente da Polônia, Lech Kaczynski, sua esposa, Maria Kaczynska, e sua comitiva de alto escalão já foram transferidos para o aeroporto Domodedovo, em Moscou.
O Ministério de Emergência da Rússia informou que 97 pessoas morreram no acidente aéreo, sendo que 88 delas eram membros da delegação polonesa. No entanto, o Ministério de Relações Exteriores da Polônia disse que a lista de passageiros tinha 89 nomes, mas uma pessoa não apareceu para tomar o voo de quase uma hora a partir do principal aeroporto de Varsóvia.
O Tupolev caiu a cerca de um quilômetro do aeroporto militar Smolensk-Severnuy, durante sua quarta tentativa de aterrissar em meio a um intenso nevoeiro. Segundo o governador da região de Smolensk, Sergei Antufiev, o avião "esbarrou no topo de árvores, bateu e quebrou-se em pedaços".
A agência de notícias oficial da Rússia, RIA-Novosti, disse que as indicações preliminares são de que o acidente foi causado por erro dos pilotos. Ambas as caixas pretas do Tupolev foram encontradas.
O avião da presidência da Polônia passou por uma completa revisão em dezembro na Rússia. Foram feitos reparos nos três motores do avião, equipamento de navegação, atualização eletrônica e do interior do avião. Segundo o diretor da unidade de manutenção Aviakor, o avião estava em plenas condições de uso.
Fonte: Agência Estado
Período de estágio pode somar tempo para se aposentar
Isso tudo até poderia ser tolerado e até vantajoso para o estudante se, mesmo não ganhando dinheiro, ele ganhasse, além do aprendizado, um algo mais. E esse algo mais pode estar às portas. Uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), que atende São Paulo e Mato Grosso do Sul, determinou que o período trabalhado por um segurado como estagiário fosse considerado como tempo de contribuição para o INSS, independentemente do recolhimento das contribuições previdenciárias.
Para a Justiça, o estágio tem vínculo de emprego principalmente quando a atividade do estagiário não tem relação com os seus estudos.
No entendimento do juiz, o estágio desse segurado, que durou um ano e sete meses, não tinha como objetivo principal a aprendizagem, e a atividade que ele exercia não exigia treinamento específico. Ou seja, ele trabalhava como mão de obra barata, como eu descrevi no início deste texto. A sentença, então, afirma que o estágio foi “exercido sob condições caracterizadas de vínculo empregatício” e, portanto, deve ser levado em conta pelo INSS na forma de calcular a aposentadoria.
"Para a Justiça, o estágio tem vínculo de emprego principalmente quando a atividade realizada pelo estagiário não tem relação com os seus estudos, já que o estágio, de acordo com a definição da lei, “é um ato educativo”."
Casos como o do segurado que venceu a ação, para fazer valer a mesma decisão, é preciso reunir testemunhas que afirmem que o estagiário tinha funções não-educativas e ainda documentos que confirmem isso, como bilhetes, e-mails e talvez até uma carta de apresentação escrita pelo chefe que mencione as atividades que o estudante desenvolve.
Atualmente, o INSS não considera os anos de estágio para tempo de contribuição, a menos que o estudante decida pagar as contribuições previdenciárias na categoria de segurado facultativo.
Fonte: www.jconline.com.br
quinta-feira, 8 de abril de 2010
MST: "Nem demônio, nem anjo, mas ator social"
O livro "Combatendo a desigualdade social: o MST e a reforma agrária no Brasil", organizado por Miguel Carter - mexicano criado no Paraguai - professor da School of International Service da American University, em Washington DC, coloca em perspectiva o senso comum criado em torno do MST.
Primeiramente, ele propõe que se deixe de lado dois exageros: da direita, que, no limite, equipara o movimento pela reforma agrária ao terrorismo; e o de esquerda, que o romantiza, superestimando a sua influência. Na introdução ao livro, que traz 16 artigos de autores variados, Carter relativiza uma e outra posição. O MST é um movimento complexo e duradouro, mas é uma "associação de pessoas pobres", "opera com recursos limitados" e é susceptível a problemas de ação coletiva como qualquer outro movimento social. Não agrega mais do que 1% da população, nem chega a 5% da população rural. Não é bandido e não é mocinho: apenas um ator social sujeito a erros, mas que representa setores sociais expostos à miséria e vitimados por uma das piores distribuições de renda do mundo.
O MST tem dois grandes méritos históricos, segundo o autor: o de expor e desafiar enormes desigualdades de renda e fundiária do Brasil, internamente; e, externamente, de ter recolocado na agenda internacional a reforma agrária, depois da hibernação do tema no período pós-anos 80, quando a forte urbanização do Terceiro Mundo, o avanço tecnológico agrícola e a ascensão do neoliberalismo começaram a questionar fortemente a reforma agrária como política pública. E a forte reação interna de determinados setores sociais ao movimento responde muito mais ao que o MST expõe - um país com uma imensa concentração de renda e fundiária - do que propriamente pelo risco "revolucionário" que representa.
O movimento, de fato, tem um elevado grau de sofisticação de organização popular, registra Carter: estima-se "1,14 milhão de membros, mais de 2 mil assentamentos agrícolas, cerca de 1.800 escolas primárias e secundárias e uma escola de ensino superior, vários meios de comunicação, 161 cooperativas rurais e 140 agroindústrias". Entre 1985 e 2006, conseguiu assentar seus integrantes em 3,7 milhões de hectares. Mas, embora o mais visível e organizado movimento pela reforma agrária - até 2006, tinha mais de um quarto dos 7.611 assentamentos do país -, não mantém a mesma proporção de participação na terra distribuída pelos governos. Segundo o organizador do livro, mais de 90% da terra distribuída entre 1979 e 2006 responderam a reivindicações de outros movimentos de sem-terras.
O outro mito seria o de negação do Estado pelo MST. As reformas agrárias, por definição, "implicam o envolvimento do Estado na reestruturação de relações de direito de propriedade". Sem o Estado, isso só acontece em situações de guerra - mas, mesmo nessas ocasiões, o Estado deve sancionar o resultado da disputa. Também não existe reforma agrária se não houver demanda social por distribuição fundiária. Carter sugere que a execução de reformas agrárias acabem se constituindo numa articulação de impulsos do Estado - que sanciona - e da sociedade - que demanda. No caso do MST, o movimento articula as duas faces da reforma: as marchas e invasões normalmente são apenas um lado da mobilização, que se completa - e concretiza a reforma agrária - com a negociação com o Estado.
Outro dado que relativiza o poder de interferência na vida institucional do país, reproduzido pelo autor, é o de sua representação política, em relação à dos grandes proprietários rurais e do agronegócio. Segundo ele, de 1995 a 2006, a representação política média dos camponeses sem-terra e agricultores familiares foi de um deputado federal por 612 mil famílias. Os grandes proprietários rurais fizeram um deputado federal para cada 236 famílias - tiveram, portanto, uma representação parlamentar 2.587 maior que a dos sem-terra. Essa distorção decorre de uma precariedade de direitos políticos entre os pobres - a negação do direito do voto aos analfabetos até 1985, o clientelismo político, a prática de compra de votos e distorções de representação. O maior acesso dos latifundiários ao poder político resultou em acesso correspondente ao orçamento público: para cada dólar disponibilizado de dinheiro público aos sem-terra, foram liberados US$ 1.587 dólares para os maiores fazendeiros do país.
A realidade que se esconde nas amplificações do "perigo" do MST não é boa para o processo civilizatório brasileiro. Mesmo andando nos governos FHC e Lula - de forma "reativa, restrita e de execução morosa" - , a reforma agrária brasileira é, em termos proporcionais, uma das menores de toda a América Larina. A reforma feita entre 1985 e 2006 situa o Brasil no 15º lugar no Índice de Reforma Agrária da América Latina, dois lugares antes do último colocado. Um por cento dos proprietários rurais controla 45% de todas as terras cultiváveis do país, e 37% dos proprietários rurais possuem apenas 1% dessas terras (números de 2005 do Ipea).
Publicado originalmente no jornal Valor Econômico em 8/4/2010.
Fonte: www.mst.org.br / Por Maria Inês Nassif
O toque humano da cobertura
São Paulo, São Luiz do Paraitinga, Angra dos Reis, Niterói, São Gonçalo, Rio de Janeiro. Alguns nomes do paradeiro de nossos infelizes passageiros do Boeing. Cidades com a alma fraturada e as vísceras expostas em redes de saneamento e esgotos precários, em bueiros sempre sem suas tampas e atravancados por lixo em profusão. Cidades que obrigaram parte de seus moradores, os do andar de baixo – aqueles de baixíssimo poder aquisitivo, que sobrevivem em condições desumanas, que mantém empregos informais e que trafegam pelas cidades como pingentes em trens apinhados vindos de subúrbios – a construir suas casas nas encostas dos morros, verdadeiros rochedos encobertos por frágil e insustentável vegetação, incapazes de absorver o dilúvio do céu precipitado.
Parece-me que a história das chuvas de Ranchipur passou a ser contada a partir de São Paulo na abertura deste ano novo e agora, qual circo mambembe trágico, muda sua locação para a cidade do Rio de Janeiro. Mesmo morando em Brasília, sentia a alma molhada pelas chuvas do Rio. Estava dentro dos ônibus encalhados nas proximidades da Lagoa Rodrigo de Freitas, escapei por pouco de novo desabamento no Morro 340, nas cercanias de Niterói, escutei a dor lancinante do jovem de 23 anos que acabara de constatar estar sozinho no mundo: as águas deslizaram pela encosta do Morro do Estádio e tragaram em sua fúria as vidas de sua mulher e de seu filho de 4 anos. Ainda em Brasília conseguia ouvir vozes anônimas e aflitas repetindo como mantra indiano: "Tá tudo alagado, tá tudo inundado. Tudo parado. A cidade acabou".
Pessoas vivas
Eu que sempre critico o que me parece errado ou torpe, infame ou desastrado, negligente ou omisso por parte dos meios de comunicação, eis-me aqui dizendo contrito que as Organizações Globo estão realizando um trabalho magistral de cobertura radiofônica e televisiva. Até os comentários da douta Lúcia Hippolito caíram bem, mostraram sensatez, afastaram-se do rame-rame do partidarismo explícito. O circunspecto e ainda assim afável Carlos Alberto Sardenberg mostrou sua humanidade em comentário bem dosado, vestido com roupa de gala da humanidade que nele aflora.
Foi na rádio CBN que escutei o alcaide carioca Eduardo Paes tranqüilizando a população, ordenando a vida da sociedade, repetindo com voz rouquenha o conselho que a população deve se abster de sair às ruas, que as escolas públicas estarão fechadas e os alunos deverão permanecer na segurança de suas casas. E pensei comigo, como que atingido por um raio: como é bom viver em uma cidade que não é administrada através do twitter, com suas mensagens secas, pingadas em 140 caracteres, mas transmitidas de dentro do aconchego do lar, próximo à cama quente e ao convidativo travesseiro. Como é bom conferir autoridade a quem autoridade tem para nos pedir que os meus e os seus se protejam das chuvas fazendo um feriado particular em nossa vizinhança.
O Jornal Nacional de terça-feira (6/4) entra para a história como exemplo de telejornal a serviço da população e da informação, a serviço dos melhores interesses da população afetada no estado do Rio de Janeiro. Havia humanidade em toda a cobertura. E comedimento, emoção, objetividade. O foco era promover o bem-estar da população e sua tranqüilidade. Haverá outro objetivo maior para um telejornal?
Diferentemente de outros desastres aéreos, aqui não se busca por caixas pretas nem por restos de aeronave. Aqui se busca por pessoas vivas e as ações de resgate querem atingir o que de mais valioso temos – a solidariedade e a união dos membros da nossa espécie. Afinal, um destino comum é o que temos a partilhar. E não há chuva que nos impeça disto.
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br / Por Washington Araújo em 8/4/2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Uma tragédia para todos
Praticamente todos os meios de comunicação brasileiros se dedicaram, em alguma medida, a cobrir a tragédia provocada pelas chuvas no Rio de Janeiro.
Emissoras de rádio e televisão passaram toda a tarde de segunda-feira (5/4) e o dia inteiro da terça informando quase ininterruptamente sobre os casos de deslizamentos e enchentes que se sucediam.
Os efeitos do temporal invadiram também a internet, e as redes sociais logo se integraram na ampla malha de informações e comentários de todos os tipos.
Não faltaram os insensatos de sempre, que aproveitaram o acontecimento para fazer humor de mau gosto e misturar a tragédia com a política.
Na manhã de quarta-feira (7), outra observação: a imprensa de papel já não consegue se aproximar da dinâmica dos fatos. Ainda assim, os profissionais destacados para pisar na lama e molhar as pernas extrapolam suas possibilidades.
Mortos e desabrigados
A despeito da grande qualidade técnica e jornalística das fotografias, não há como competir com imagens em movimento, feitas ao vivo no fragor dos acontecimentos, e que podem ser arquivadas e revistas a qualquer instante.
Mesmo com essas desvantagens, os fotógrafos dos principais jornais brasileiros conseguem apresentar a seus leitores, nas edições de papel, registros dramáticos do sofrimento que se abateu sobre o Rio de Janeiro.
Segundo as contagens mais atualizadas que chegaram às redações, são 103 mortos, mais de 1700 pessoas estão fora de suas casas, sendo que grande parte delas não terá casa para voltar.
Riscos iminentes
Não foi a maior tragédia do tipo a atingir a antiga capital federal: em 1966, segundo registram os jornais, houve 250 mortes e 50 mil ficaram desabrigados após 24 horas de chuva. Em 1988, 15 dias de chuvas fortes e contínuas deixaram 570 mortos.
Mas a tragédia do século 21 é mostrada ao vivo, através de câmaras digitais que logo inserem as imagens na internet, e os dramas de cada um se transportam para toda a população.
O risco é o de que o excesso de imagens produza a banalização da tragédia. E que a ocupação de áreas de risco recomece na primeira estiagem.
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br / Por Luciano Martins Costa em 7/4/2010