Nivaldo Manzano foi até recentemente coordenador de macroeconomia, meio ambiente, políticas públicas e ciência da Gazeta Mercantil. Ao deixar seu último emprego, fez um balanço de 32 anos de jornalismo exercido no Brasil e no exterior e percebeu que o tempo de permanência em cada emprego caíra sistematicamente. Embora não haja estatísticas sobre o assunto, Nivaldo supõe que seu tempo médio de permanência em cada emprego seja inferior ao da categoria dos jornalistas. Estaria ficando mais instável? Ou se trataria de uma manifestação individual do fenômeno mais amplo da precarização dos empregos?
Depois do exercício de reflexão sobre o ferido, resolveu contemplar os autores da ferida e constatou que, à redução do intervalo entre suas demissões, correspondia uma diminuição da média de idade dos responsáveis por elas.
Apresenta no lúcido ensaio abaixo conclusões preliminares cujo lead é o seguinte:
"Estamos vivendo um Camboja em nossa vida profissional, desde o advento dos novos bárbaros, que passaram a dar feições pavorosas ao exercício do poder nas redações."
O texto de Manzano faz lembrar outro libelo, um discurso de Gabriel García Márquez publicado neste OBSERVATÓRIO em outubro de 1996 (ver remissão abaixo). Mas há entre os dois uma singular diferença. Enquanto García Márquez se dirige aos patrões, na abertura de uma reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa, Nivaldo Manzano, após esclarecer que exerceu funções de chefia durante pelo menos metade de sua vida profissional, faz ver que prepostos estão exercendo nas redações um tipo de mando selvagem que não lhes foi encomendando nem recomendado.
(Os Observadores.)
Os novos bárbaros
Nivaldo T. Manzano
"Em vez de admirar os homens dotados, valentes ou justos, o tirano os teme: a multidão pode querê-los em seu lugar. Quando o medo leva o tirano a eliminar gente dessa estirpe, a quem irá colocar a seu serviço senão os criminosos, os canalhas e os servis?"
"Depois de ter eliminado a todos os que temia, o tirano, longe de sossegar, redobra as precauções. A guerra que move contra os que oprime não cessa".
Xenofonte, Da Tirania (palavras do tirano Hieron ao sábio Simônides)
Uma pergunta freqüente que ocorre a dois jornalistas que se cruzam é: "Onde você está?" (trabalhando). Com certeza ela não ocorre com igual freqüência a profissionais liberais de outras categorias que trabalham em equipe, como administradores ou engenheiros. Atesta esse fato a dança nervosa dos nomes nos expedientes das revistas e dos jornais.
Nos meus 32 anos de profissão, permaneci em média 20 meses em cada emprego, média que suponho esteja abaixo da categoria. Assim ocorreu em parte por convites que recebi para trabalhar em outro lugar, em parte porque fui demitido. A primeira demissão ocorreu quinze anos depois de ter iniciado a vida profissional; a segunda, oito anos depois da primeira; a terceira, cinco anos depois da segunda; a quarta, um ano depois da terceira. Notei, assim, que o intervalo entre minhas demissões vinha se reduzindo, ao mesmo tempo em que caía a média de idade dos responsáveis por elas.
Estava aí uma pauta a ser trabalhada. Estaria isso ocorrendo somente comigo ou seria eu um caso entre muitos? Qual a razão de tantas demissões, cada vez mais freqüentes na vida de cada um? O interesse no assunto cresceu ainda mais quando me dei conta, a partir de meu caso, de que os motivos disciplinares constam em porcentagem tão ínfima que não mereceriam consideração. Saí a campo, e são minhas conclusões preliminares que submeto agora à apreciação de você, colega. Para aprofundar o tema, seria necessário que nossos sindicatos tabulassem as estatísticas de que dispõem sobre o assunto, e somente então estaríamos seguros de que não tem furo na nossa matéria. Enquanto o estudo definitivo não vem, vou fazendo aqui minhas elucubrações.
Estamos vivendo um Camboja em nossa vida profissional, desde o advento dos novos bárbaros, que passaram a dar feições pavorosas ao exercício do poder nas redações. Não haveria por que deter-se no lado sombrio de nosso cotidiano - na verdade, mera extensão da violência institucional que grassa por toda parte, abatendo gente ainda mais indefesa que nós. Ocorre que à diferença de muitos, nós, jornalistas, nos consideramos por profissão e vocação um dos instrumentos das mudanças que apontam para um convívio melhor entre os homens. Sabemos, mais do que ninguém, que o autoritarismo é a mais pesada das poitas que nos retém próximos da selvageria. Mas como converter nossa fé e esperança em tarefa, se nos golpeiam fundo na vontade, castram nosso moral, anulam nossas energias e comprometem a eficácia de nosso trabalho?
A quem interessa e a quem beneficia o saldo do mando a bel-prazer?
Aos nossos empregadores, em primeiro lugar, certamente que não. Embora sejam senhores absolutos da decisão de contratar e demitir, não pode passar pela cabeça de ninguém que estejam jogando dinheiro fora ao recrutar com o esmero de hoje os talentos que sua máquina irá moer amanhã. A propósito, por muito tempo o debate foi bloqueado pelo maniqueísmo. Por isso, retomá-lo na direção aqui proposta pode sugerir que se pretende escamotear o essencial, desviando-o para o conforto do oportunismo. Aos que assim pensam, respondo: pelo menos metade de minha vida profissional consumiu-se em funções de chefia - a serviço dos patrões, portanto. Nunca jamais me foi sequer de longe insinuado que perpetrasse as barbaridades que hoje presenciamos, algumas das quais relato aqui, apenas a título de exemplo. Peço paciência ao leitor, que lá chegaremos.
Ao longo da década de 90, nós, jornalistas, despejamos sobre os leitores os princípios que devem informar o "novo" conceito de capital humano. Divulgamos aos quatro ventos que, depois da era do músculo e da era da máquina, havíamos chegado finalmente à era propriamente humana do trabalho intelectual.
Fomos ainda enfáticos, apregoando que o futuro dos povos está na dependência do reconhecimento de uma descoberta absolutamente inédito na história das relações capital-trabalho: a cabeça - desde a do peão da fábrica até à do penúltimo executivo no topo da hierarquia, já não pode ser considerada como mero suporte do capacete.
Nos últimos anos do século, estamos divulgando inovações ainda mais surpreendentes, como a importância de se zelar pelas emoções e afeições no mundo do trabalho, de modo a liberar a criatividade e extrair mais excedentes. Assim, já se começa a admitir no ambiente de trabalho a presença de cães - animais agora convertidos em amansadores de seus próprios donos. E não estranhará que amanhã veremos o cão puxado pela criança puxada pela babá puxada pela patroa - todos rumo ao escritório, para o melhor desempenho profissional do "chefe de família".
Por mais que se queira ver nisso tudo mera retórica das teorias da organização, ainda assim será preciso render-se à evidência de uma grande mudança: a retórica organizacional humaniza-se cada vez mais.
Assim, ficam cada vez mais distantes os tempos em que Henry Ford e Alfred Sloan sonhavam com um robô que substituísse à perfeição a força muscular do operário-camarão, cuja cabeça não lhes interessava. Reduzido a força mecânica, esse simulacro de gente, acionado por comandos de voz ou elétricos, ainda apresentava o inconveniente de portar uma cabeça debaixo do capacete - um fator de dirupção na rígida estrutura hierárquica piramidal, concebida segundo o modo de funcionar da própria máquina.
Diferentemente do mundo da fábrica, a corporação jornalística não passou pela primeira revolução na organização do trabalho nem pela última. Desde a invenção da imprensa até os dias de hoje, pouca coisa mudou na forma como estabelecemos nossa rotina de trabalho ou no modo como promovemos a interação entre os indivíduos que dela participam.
Ao contrário do que ocorria na fábrica de Ford, não operamos como partes mecânicas, isoladas e inertes, sem interação. Se a cor do capacete devesse indicar o lugar que ocupamos na estrutura arborescente de Ford e Sloan, cada um de nós deles portaria uma coleção inteira - não importa a função, fazemos necessariamente de tudo um pouco e conjuntamente, de modo que a obra final é sempre resultado de um esforço comum.
Os vínculos funcionais que nos ligam uns aos outros não são apenas do tipo linear, como na fábrica de Ford. Podem estabelecer-se entre nós interdependências tanto num mesmo nível de ramificação quanto em níveis diferentes - e essas interdependências assumem a forma de circuitos de retroalimentação, conceito que operamos séculos antes de Wiener valorizá-lo na Cibernética.
Assim, nas redações o trabalho de A pode tornar possível o aprimoramento do trabalho de B, e o trabalho de B, por sua vez, pode ser utilizado para melhorar o trabalho de A. E a melhoria de A tornará possível o crescimento da eficácia de B, e assim por diante. Um por todos e todos por um é o lema de nossa prática mosqueteira que está por trás de cada matéria, de cada título, de cada manchete.
E por que é assim? Porque o método de ataque e de resolução de problemas nas redações deve corresponder ao objeto com o qual lidamos.
O objeto com que lidamos é a história do presente - e essa é feita de liberdade. Ela se inventa. E é para darmos conta da invenção - que não sabemos quando, onde, por que, por quem e como vai ocorrer - que a organização de nosso trabalho só é comparável em flexibilidade, agilidade, leveza e improvisação às asas da imaginação. Tudo orientado para captar o novo, o singular. E estamos tão seguros de nossa escolha que, mesmo que os físicos nos quisessem demonstrar que a existência do Universo é uma improbabilidade estatística, lá estaríamos nós, incrédulos, à espera de que algo pudesse ocorrer, porque para nós uma improbabilidade ainda não é uma impossibilidade.
Sem o brilho dos poetas, estamos sempre enunciando algo como que pela primeira vez, ainda que na forma de rascunho. Sabendo que a notícia altera o contexto em que cai, obrigamo-nos a cada momento a recalibrar nossa percepção, de modo a não deixar escapar o evento que está por vir.
Temos, assim, as habilidades requeridas da mais celebrada das profissões do futuro - a perspicácia para identificar novos contextos.
Mas é verdade também que, como rascunhadores da história do presente, não dispomos do saber categórico. Nossa pauta é sempre resultado de um compromisso precário entre o passado de ontem, que já não é o mesmo, ante o que acaba de ocorrer, e o futuro que ainda não veio. É desse fundo turvo e movediço que tiramos nossas certezas, saltando do que não é mais para o que ainda não é. E, assim, como os engajados na ação política, pagamos por nossas apostas.
É a essa organização-modelo, feita para lidar com o imponderável, que faz da solidariedade objetiva condição de trabalho e aceno à virtude, que os novos bárbaros querem pôr abaixo, reduzindo-nos a autômatos que Ford recusaria, tivesse ele o robô, pela impossibilidade de cortar-lhes a cabeça.
Uma diretora de redação de uma revista de circulação nacional passa a exigir como critério de seleção do pessoal o mapa astrológico. Outro diretor exige que eu demita a secretária por causa da cor do batom, muito viva para seu gosto soberano. Um terceiro me recrimina por manter a porta aberta a todos os subordinados, mesmo sabendo que os problemas por eles trazidos serão resolvidos somente na instância em que ocorreram e à qual eles estão vinculados. Um editor, recém-chegado ao jornal, demite toda a equipe, contrata um bando de amigos bichos-grilos, e, vendo-se então incapaz de editar, pede demissão vinte dias depois.
No momento em que digito este texto, sem que ninguém soubesse que pretendia fazê-lo, sou interrompido pelo telefone que me faz saber da demissão de uma repórter, por se ter recusado a fornecer ao chefe imediato suas fontes. O primata que a demitiu tem dois meses de casa; a repórter, dez anos de excelentes serviços prestados, na opinião unânime dos colegas. Do currículo do mesmo primata consta a decisão de ter demitido de forma igualmente sumária, sem consulta a ninguém, outro repórter que (pediu, e depois) exigiu retificação na edição do dia seguinte de uma informação crucial que havia sido alterada na sua matéria.
Seria o caso de prosseguir em relatos de casos conhecidos de todos?
Ausente durante cinco anos da grande imprensa, constato ao meu retorno como cresceu o império do arbítrio. Restringindo minhas observações apenas ao que ocorre nas cinco maiores empresas de comunicação, verifico que não passa um dia sequer sem notícia de alguma demissão profundamente injusta e atrabiliária.
As novas gerações precisam saber que nem sempre foi assim e que não deve ser assim.
De minha infância e adolescência profissional lembro-me com saudade do ambiente nervosamente alegre e ruidoso das redações, lideradas por gente que entendia a autoridade como um valor a conquistar junto aos liderados, razão por que não receavam mover-se entre nossas baias, como um mortal comum, eventualmente responsável por um aporte superior de discernimento. Seria impensável esperar de quaisquer de meus ex-chefes de então que patrocinassem a demissão de quem se recusou, por aplicação no trabalho, a morder a isca do trote do boimate, ou que demitissem a redatora, impossibilitada de mudar o horário de trabalho em menos de doze horas, como lhe foi exigido, por não ter ainda quem buscasse o filho na escola.
Seria aquela sua intolerância com a intolerância manifestação de uma postura superior de caráter?
Hoje vejo insinuar-se nas grandes redações um silêncio tumular. Vejo as pessoas moverem-se cautelosamente pelos cantos, como que com medo de que o chefe as flagre no exercício culposo de existir. O terror parece tornar-se onipresente, ainda não ostensivo como um pelourinho na praça, mas já veladamente insidioso como um câncer da próstata.
"Vais conhecer o mundo", disse o pai do menino Raul Pompéia à porta do Ateneu. Li-o na adolescência, para saber cedo na vida que não haveria por que esperar que em nossas redações os sonhos devessem manter-se ao abrigo do risco de serem moídos pela brutalidade. Mas, ao contrário do que se passava no Ateneu, nossa vida cá fora tem a ver com responsabilidades públicas, como atesta a lei que rege nossa atividade.
Como o flagelo espalha-se em ondas avassaladoras, começo a recear pelo destino das novas gerações, sensíveis igualmente à brutalidade, mas desprovidas de nossas referências passadas, e tendentes, como observo, a encarar como "natural" esse caminhar moralmente de cócoras.
Assim, deixam que os chefes metam a mão em seus textos, às vezes suprimindo ou alterando conteúdos de importância crucial, sem se dar conta de que ao repórter cabe responder ética e civilmente perante a fonte e o leitor.
Da castração moral à infantilização beócia das equipes, o passo é apenas lógico, como o foi no fascismo. Assim, uma editora jovem alçada subitamente à condição de editora sênior - digo, melhor, demiurgo - convoca editores e repórteres, alguns deles com mais de quinze anos de jornalismo, para ministrar-lhes durante uma hora, com despudor anedótico, lições transcendentais sobre como falar ao telefone com o entrevistado.
Explica-se: ao tempo em que o mundo se debruça sobre nosso modelo de organização, para dele colher o segredo das estruturas versáteis, os novos bárbaros, avançando sobre os escombros de nosso orgulho, fazem escola nas redações - e são esses padrões de mando despótico que passam a moldar o comportamento dos mais novos, do subchefe ao último repórter ou paginador na escala hierárquica. Estaria aí o começo da explicação de uma das tendências a que me propus investigar no início?
Conhecendo-lhe a matriz histórica, sabemos que o despotismo esterilizante de nossos dias não é uma fatalidade. Trabalhei em organizações jornalísticas exemplares, como é a TV e Rádio Suécia e a BBC londrina. Ali, já no início dos anos 70 tamanha era a preocupação com remover do ambiente de trabalho empecilhos que pudessem dificultar o exercício da inteligência, que se suprimiu, simplesmente, a figura do chefe. Nem por isso ruiu a hierarquia para instalar-se a anarquia.
Criou-se em seu lugar a figura do líder de grupo de quem, por precaução, se retirou o poder de vida e de morte sobre os subordinados. O objetivo era remover da relação hierárquica a possibilidade de prevalecer na decisão das chefias elementos de força, de uso inteiramente inadequado no caso. Subjacente a essa postura, que reconcilia a natureza de nossa atividade com a forma de organização que lhe convém, está o entendimento de que a arma do argumento - e não o porrete - é o instrumento por excelência de nosso trabalho.
É brandindo o argumento, às vezes com veemência como fazíamos no passado, que se faz vir à luz a manchete. E é sempre em razão dos argumentos que se armam os qüiproquós, tônico da criatividade que dá origem ao melhor lead, ao melhor título, à escolha da melhor foto, ao melhor texto final, que, embora assinado, traz as marcas da contribuição de cada um. (Diga-me, colega, haverá profissão mais apaixonante que a nossa? Não é assim que o operário alienado do produto de seu trabalho fantasiou seu paraíso?)
Esse é o grande debate, que sem ódio nem ressentimento precisamos ter coragem de levar às redações e aos sindicatos da categoria. Quando se tiver removido o despotismo atual, as novas gerações poderão ver com mais clareza que o jornalismo alimenta-se exclusivamente dessa substância seminal, que é o dissenso. Entre nós, os embates, longe de visar à eliminação do contendor, são funcionais: seu objetivo é produzir o mesmo efeito polifônico do choque entre metais e cordas na orquestra.
É, assim, com o propósito de restabelecer o princípio da dissonância em nossa atividade, que convoco os colegas para uma cruzada cultural, que sabemos longa, e que nos conduza ao seguinte:
1 - suspensão das demissões sumárias, à parte as questões disciplinares, assunto que não é objeto de nossas considerações;
2 - remoção da possibilidade do arbítrio, cassando-se o "direito" do chefe de decidir sobre o destino dos colegas sem consulta a ninguém (na BBC são necessárias pelo menos três pessoas para formalizar o processo e tomar a decisão);
3 - levar aos empregadores, mediante negociação com os sindicatos, uma proposta de adoção de uma política de pessoal ad hoc.
Aprendemos com Tocqueville que o mais terrível dos poderes é o poder de mandar a bel-prazer. Assim concebido, ele é, nas palavras do gênio, infinitamente perigoso. Não pelo fato de mandar - mas pelo fato de que pode tomar conta da sociedade. Não pelo fato de controlar - mas pelo fato de que pode privar os cidadãos de qualquer iniciativa política e, mais grave que tudo, porque pode privá-los do desejo de tomar iniciativas. Daí a urgência desta cruzada.
Estou confiante na compreensão de nossos empregadores, a quem, como a nós, não interessa a asfixia de nossa criatividade e a ineficácia de nosso trabalho. Vejo como possível restabelecerem-se as responsabilidades compartilhadas nos erros e nos acertos, o espírito de confiança, o princípio do dissenso e a paixão pelo trabalho, para melhor proveito de nossos leitores.
Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br
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