sexta-feira, 29 de maio de 2009

Carros: precisamos deles tanto assim?

Estilo de vida, sentimentos e status social estão ligados a ter ou não um automóvel. Confunde-se, não raro, a qualidade do objeto com seu proprietário. Reformam-se cidades para servir a esses pequenos tiranos, perdendo em tranquilidade, ar puro e convívio humano.

O apego aos carros tornou-se tão intenso que, mesmo estando o planeta mergulhado numa grave crise ambiental, em grande parte causada pelo seu uso, ainda há muita resistência em abrir mão desse conforto. Pelo contrário, ele continua sendo o sonho de consumo de muitos. Como resolver esse quadro?

No plano individual, pegar num volante traz uma agradável sensação de liberdade. Ter um automóvel à disposição dá mais autonomia no ir-e-vir e agilidade para compromissos, encontros, trabalho, diversão etc. No entanto, isola seu condutor de um contato mais estreito com as ruas que percorre e as pessoas pelas quais passa, e, não raro, leva-o a mergulhar numa pressa sem propósito. Pressa que se traduz em competição, na qual se dão fechadas, disputam-se centímetros de espaço e se acelera em ultrapassagens sem razão, só para ficar parado num semáforo metros adiante.

No plano coletivo, essa situação multiplicada por milhões de veículos pelas ruas ou estradas causa um stress constante, não só para as pessoas, mas também para os locais cortados por rodovias ou grandes avenidas. E afeta ainda quem mora em torno das áreas de muito tráfego ou viaja nos ônibus – que também participam dessa disputa e cooperam para congestionamentos que em muitas localidades não estão mais restritos aos horários de pico. Afeta, sobretudo, o clima na Terra. É, portanto, um cenário que pede mudanças urgentes.


Conciliando interesses


Algumas iniciativas pelo mundo afora estão mostrando que é possível modificar essa realidade, de forma criativa e inovadora.

Tudo seria bem mais simples se desde o início as cidades fossem planejadas priorizando o transporte público e serviços bem distribuídos, como imagina J. H. Crawford, autor do livro Car Free Cities (Cidades Livres de Carros - http://www.carfree.com/). Em sua obra, ele descreve um inteligente sistema para organizar o espaço e o dia-a-dia urbanos, de forma a anular a necessidade de caminhões, ônibus e veículos particulares, até mesmo em cidades já existentes.

Seu pensamento alinha-se com o movimento internacional formado por inúmeras iniciativas reunidas na World Carfree Network (Rede por um Mundo Livre de Carros - http://www.worldcarfree.net/), surgida a partir das atividades da ONG Car Busters (http://www.carbusters.org/). Mas talvez esta seja mesmo uma tendência muito radical, considerando todo o valor afetivo que (ainda) é atribuído aos veículos automotores por grande parcela da humanidade.

Uma alternativa mais branda, e que já prepara a transição necessária, é o sistema de compartilhamento de veículos chamado de Car Sharing (http://www.carsharing.net/), um tipo diferente de aluguel praticado na Europa, no Canadá e nos Estados Unidos. Os carros ficam estacionados em diferentes pontos da cidade à disposição do usuário, que paga pelo tempo de utilização, podendo pegá-los numa região e entregá-los em outra.

O modelo pode ser escolhido de acordo com a necessidade de cada viagem, incluindo até mesmo vans e pequenos utilitários. Os argumentos de seus criadores é que esse sistema ajuda as pessoas a se libertarem do hábito de possuir um carro. Ele é ideal para quem não precisa do veículo para ir ao trabalho todos os dias e dirige menos de 12 mil km por ano.

Lançado na Suíça em 1987, o sistema estendeu-se para a Alemanha no ano seguinte e chegou ao Canadá, via Québec, em 1993. Ali, até janeiro de 2009, segundo a Universidade da Califórnia, havia alcançado 46.802 membros e 1.758 veículos, em 15 organizações de car sharing. Nos Estados Unidos, já havia 24 programas, com 309.437 membros e 6.093 veículos.



Ligação perigosa



Dividir o uso de um mesmo carro traz de fato uma mudança de mentalidade, na qual o carro deixa de ser visto como a extensão de seu dono ou dona. Hoje em dia, ainda é bastante comum no Brasil ser chamado de “doutor” ou “doutora” ao entregar a chave de um luxuoso modelo importado a um manobrista. E há estacionamentos que se negam a receber modelos velhos, como uma Brasília por exemplo, ou os estacionam em locais distantes da vista de seus frequentadores.

Nas grandes cidades, carros podem ser necessários no dia-a-dia. Mas mesmo nas pequenas eles proliferam, tornando-se uma forma de se diferenciar socialmente. É sinônimo de sucesso ter um modelo caro, um esportivo de última linha, mesmo que este polua bem mais que um popular 1.0. Com um carro disponível, logo se instala o costume de usá-lo até para ir a locais muito próximos de casa, como a padaria a quatro quadras ou a casa do vizinho ali adiante.

A grande questão é saber o quanto de nossos sentimentos e valores permitimos que estejam ligados a esse objeto? Ainda há fundamento nas piadas que colocam o carro como verdadeiro “amor” de seu dono, a ponto de a norte-americana Katie Alvord ter escrito o livro Divorce Your Car! (Divorcie-se de Seu Carro), convidando os leitores a se libertar desse “vício”? A obra está recheada de dicas e relatos que mostram como a autora aprendeu a aproveitar bem a vida sem esse meio de transporte. Uma atitude rara, já que, nos Estados Unidos, enquanto, em 20 anos, a população aumentou 20%, o tráfego cresceu absurdos 236%, sendo comum casas com quatro ou cinco carros na garagem, um para cada integrante da família.

Nos anos 1970, o arquiteto e pintor austríaco conhecido como Friedensreich Hundertwasser criou a teoria das cinco peles que envolvem cada ser humano. A primeira é a própria epiderme; a segunda, a roupa; a terceira, a casa; a quarta, o meio social ao seu redor; a quinta, por fim, é o meio global. Ele defendia que o bem-estar de cada um depende de uma relação adequada com cada uma delas. “A compreensão mais ampla de nosso lugar no mundo passa pela melhor ambientação em face de cada uma dessas peles”, explica Euclides Guimarães, sociólogo e professor da PUC-MG, em seu artigo “Intimidade e Identidade”.

Seriam os carros mais uma pele, infiltrada na identidade de seus donos e na própria sociedade a ponto de a saúde de economias inteiras estar ligada à sua produção? É essa a razão de comemorarmos o crescimento de suas vendas, mesmo que isso signifique o esgotamento dos sistemas viários existentes, o aumento de doenças respiratórias e de mortes por poluição atmosférica – como tem comprovado o Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP? Ou que provoque o agravamento de mudanças climáticas capazes de ameaçar a presença humana na Terra?

É interessante ver surgir novas tecnologias, como carros elétricos ou o moderno carro solar Koenigsegg Quant. É louvável a oferta de modelos acessíveis a todos, como o indiano Tata Nano, projetado para ser o carro mais barato do mundo. Mas a verdade é que continuar a ampliar a presença de automóveis no globo é um ato de enorme imprudência. Já passou da hora de recolocarmos as pessoas e o convívio humano como foco central do planejamento urbano e recuperar a qualidade de vida que o número excessivo de carros tirou de nós.


Fonte: (Envolverde/Instituto Ethos)

Novas tecnologias: caminho para uma mídia nova e democrática

O Seminário de Comunicação da Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino) começou nesta quinta-feira (28) com efusivas loas às novas tecnologias. Segundo os debatedores da mesa de abertura, a internet não só acabou com os “os atravessadores da informação” como também “marcou o fim do jornalismo impositivo”, em que “o leitor se torna refém dos jornalistas”.
O jornalista Renato Rovai, editor da Revista Fórum, lembrou três momentos desta década em que a grande mídia perdeu a batalha da informação: 1) o “golpe midiático” malsucedido de abril de 2002 para depor o presidente venezuelano, Hugo Chávez; 2) o fiasco do governo Aznar e da mídia espanhola na tentativa de manipular as eleições presidenciais de 2004, que foram precedidas de um ataque terrorista em Madri; 3) a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, em 2006, minando a despudorada ofensiva dos barões da mídia em favor da oposição.
“A internet mostrou que estão abertos os caminhos para democratizar os meios de comunicação. A grande mídia ainda exerce uma ditadura muito poderosa, mas está mais vulnerável do que nunca”, assinalou Rovai. Segundo ele, a luta pela democratização da mídia não pode ficar restrito aos comunicadores. “Esse debate tem de se espraiar – e mais na área de educação do que em qualquer outra”, agregou o editor da Fórum, elogiando a iniciativa da Contee.
Para Rovai, até mesmo uma reforma como a agrária não sobrevive sem um suporte midiático vigoroso e alternativo. “É preciso haver ampla diversidade informativa, um ambiente democrático de comunicação, para que a reforma agrária, uma vez feita, não seja derrotada. Sem uma mídia do nosso lado, não teremos como enfrentar essa batalha em seu processo de formação.”
A checagem nas mãos do leitor
Depois de 12 anos na grande imprensa — e após sofrer “demissão de quatro veículos por razões ideológicas” —, Plínio Teodoro é colaborador da Caros Amigos, mantém um blog e vê alento na internet. Para ele, as novas tecnologias permitem um novo receptor da informação e diminui a arbitrariedade. “Hoje existem mais possibilidades para um leitor checar na fonte o que este ou aquele jornal está dizendo.”
A partir da web, diz Plínio, é possível desmascarar farsas como a cobertura da ocupação da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, do grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. “A TV Globo não teve êxito ao inventar que o MST usou jornalistas como escudos humanos — e também não disse que quem levou os jornalistas da Globo para a fazenda foi um avião do Opportunity.”
Plínio Teodoro lamenta os paradigmas atuais do jornalismo, em que “acabaram as grandes reportagens” e “os vazamentos propositais expõem sempre pessoas interessadas se articulando com jornalistas”. Mas pondera: “Estamos num dos melhores momentos da história para fazer comunicação e democratizar a mídia. O público nunca teve condições — como tem agora — de fazer a sua própria investigação contestar o que a grande mídia tenta nos enfiar goela abaixo”.
A credibilidade sob suspeita
O novo tempo das comunicações é igualmente exaltado pelo pesquisador Venicio A. de Lima, da Universidade de Brasília (UnB). “Com a internet, o monopólio da credibilidade da grande mídia é questionado e, muitas vezes, liquidado. A internet tem muito mais pluralidade do que a grande mídia oferece, ofereceu ou um dia vai oferecer”.
Venício concorda com Rovai: apesar de vulnerável, a grande mídia ainda tem poderes descomunais. É o que permite que, nos dias de hoje, “o chamado escândalo político seja essencialmente um escândalo midiático, como diz o (sociólogo americano) John B. Thompson”. De acordo com o pesquisador da UnB, há uma distorção quando o poder da mídia chega a ser maior que o do próprio Estado. “O que deve ocorrer é o contrário. O Estado não só pode como tem o dever de intervir nas comunicações para garantir os direitos da maioria.”
Parafraseando o revolucionário italiano Antonio Gramsci (1891-1937), Venício afirma que “a sobrevivência do velho nas comunicações ainda causa muito estrago, apesar de o novo estar florescendo”. É nesse “novo”, porém, que se fortalece a luta contra a ditadura midiática. “Não vamos nunca democratizar a velha mídia. Temos de tentar regulá-la, combatê-la, fazer sua crítica — mas temos também de pensar em uma nova. Nosso dever é criar outra mídia.”
Fonte: http://www.vermelho.org.br - De São Paulo,André Cintra.

ONU anuncia lançamento de universidade gratuita e online

A ONU está trabalhando para disseminar os benefícios da Tecnologia da Informação pelo mundo. A Aliança Global das Nações Unidas para Informação, Tecnologia da Comunicação e Desenvolvimento (GAID) acaba de anunciar o lançamento da Universidade do Povo, instituição sem fins lucrativos que vai oferecer educação online e gratuita.
De acordo com a agência, seu foco em 2009 são as metas para educação e como a Tecnologia da Informação pode ajudar o mundo a alcançá-las. O fundador da Universidade do Povo, Shai Reshef, lembrou que para milhares de pessoas em todo o planeta a educação superior não passa de um sonho. Eles são tolhidos por problemas financeiros, pela falta de instituições do gênero onde vivem — ou simplesmente não podem abandonar suas casas para freqüentar uma universidade, por motivos pessoais.
Reshef destacou que a Universidade abriu o caminho para essas pessoas continuarem seus estudos de casa. A instituição tem um custo mínimo, já que usa tecnologia de código aberto, materiais escolares compartilhados com poucas restrições de direito autoral, métodos de aprendizado pela internet e métodos de aula “p2p” (do inglês, peer-to-peer), ou seja, focados no compartilhamento. O processo de admissão foi aberto sem nenhuma divulgação há apenas duas semanas e, mesmo assim, 200 estudantes de 52 países já se candidataram.
Os estudantes serão alocados em classes de até vinte alunos. Depois disso, eles podem acessar aulas semanais, discutir os assuntos com seus colegas e fazer provas — tudo online. Há ainda professors voluntários, estudantes comuns e de pós-graduação que podem oferecer ajuda. O estudante só paga uma taxa de admissão — que vai de 15 a 50 dólares, dependendo de seu país de origem — e outra, que vai de dez a cem dólares, por cada prova. Para que a Universidade funcione, é preciso 15 mil alunos e seis milhões de dólares. Reshef já doou um milhão do próprio dinheiro.
Para saber mais sobre a Universidade do Povo, acesse o http://www.uopeople.org/

Fonte: Por Redação da ONU-Brasil - (Envolverde/ONU-Brasil)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Recife: A capital dos sem-esgoto

Com uma população de 1.533.580 habitantes (estimativa do IBGE para 2007) e apenas 34% dos seus 217 quilômetros quadrados de área atendidos por coleta de esgoto, a cidade do Recife ocupa o 55º lugar no ranking do saneamento, entre as 79 maiores cidades brasileiras. O serviço oferecido aos moradores pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), quando comparado com as nove capitais da região nordestina, aparece na antepenúltima colocação. Perde, inclusive, para a capital do Estado mais pobre do Nordeste, São Luís (MA). Só está à frente de Maceió (AL) e Teresina (PI).

A avaliação, divulgada esta semana pelo Instituto Trata Brasil, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), reflete a falta de prioridade e de investimentos no setor, nos últimos 30 anos. Em três décadas, a Compesa só implantou uma obra de esgotamento sanitário no Recife, que custou R$ 10 milhões na época da execução, de 1995 a 1998. "Brasília Teimosa, na Zona Sul, é a única área nova que conseguimos sanear", diz o secretário de Recursos Hídricos do Estado e presidente da Compesa, João Bosco de Almeida.

Sem política pública definida para o saneamento, o resultado não poderia ser pior. A capital pernambucana chegou ao século 21 com 1.081.192 pessoas - 70% da população - que dependem de fossas sépticas, lançam dejetos nas ruas ou sacodem pacotes com fezes nos rios, prática comum aos moradores de palafitas. "Nem sempre as fossas sépticas recebem algum tipo de tratamento e, sem manutenção adequada, também contaminam o solo", alerta o presidente do Instituto Trata Brasil, Raul Pinho. A entidade tem como meta mobilizar a sociedade para garantir a universalização do saneamento no País.

Hoje, o Recife conta com 70.574 ligações de esgoto, numa rede com 409.147 metros de extensão. Atende 452.388 pessoas, o que corresponde a 30% dos moradores. O cenário não é muito diferente das primeiras décadas do século 20, quando o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito (1864-1929) implantou o serviço de saneamento na cidade. De 1909 a 1918, ele saneou o Bairro do Recife, Santo Antônio, São José, Boa Vista, Espinheiro, Graças e Casa Forte, cobrindo 21% da área da cidade, que abrigava 238.843 moradores, em 1920.

Da herança de Saturnino de Brito até os anos 90 foram realizadas ações pontuais pelo Plano Nacional de Saneamento (Planasa) e instaladas redes coletoras em conjuntos habitacionais, que geraram uma ampliação de apenas 13% na rede. A paralisação das atividades, conforme João Bosco Almeida, está associada a três fatores: falta de recursos, ausência de políticas públicas e crises econômicas mundiais, mais especificamente a da Rússia e a do México. "Até 1996, não houve investimento em água e esgoto no Recife", comenta.

"A extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH), que financiava moradia popular e a infraestrutura associada, e a dissolução do Planasa (1964-1985) significaram o fim da política de saneamento no Brasil. No período de 1970 a 1995 quase nada foi feito no País em saneamento", justifica João Bosco de Almeida. O motivo, diz ele, é que os Estados não podiam contrair dívidas. "Com isso, os governos e as companhias de saneamento entraram em crise." Repleta de débitos, a Compesa perdeu a capacidade de contrair empréstimos.
SOBRECARGA

O efeito prático das explicações técnicas é visto, literalmente, a olho nu nas ruas do Recife, nos esgotos estourados ou na ausência da rede coletora. As tubulações implantadas no subsolo são praticamente as mesmas adquiridas por Saturnino de Brito para uma cidade edificada com casas. Quase todas operam com sobrecarga, porque as casas são substituídas por prédios. Por sorte, o sanitarista projetou tubulações para trabalhar com muita folga.

"No passado, Saturnino de Brito previa o uso de um terço do diâmetro do tubo. Hoje, a maioria trabalha com todo o diâmetro. A sobrecarga é um problema sério e ainda não temos um estudo para resolver isso." As tubulações de cerâmica e de ferro, diz João Bosco, funcionam bem, mas é preciso recuperar a rede antiga. A Compesa calcula em R$ 100 milhões o volume necessário para recuperação e manutenção.

Fonte: Publicado no Jornal do Commercio em 17.05.2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Expansão do ensino a distância é defasagem na educação, diz professor

A formação a distância é a modalidade que mais cresce no ensino superior do país. O jornal O Globo informou que em 2008, o número de estudantes de graduação alcançou mais de 760 mil alunos, um aumento de 91% em relação a 2007. Segundo o professor e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Antônio Lisboa, a expansão revela uma defasagem da oferta de educação que existe no país.
O ensino a distância é feito através de tecnologias, como a internet. Professores e alunos não precisam estar juntos na mesma sala ou em determinada hora para as aulas. Para o professor, isso faz com que a qualidade do aprendizado seja menor.
“Imagine se os professores desse país só tivessem a oportunidade de formação a distância. Como esses profissionais iriam alcançar a experiência mínima necessária que os cursos de graduação presencial devem oferecer para o seu exercício profissional? Lamentavelmente [o ensino a distância] está sendo usado apenas como efeito de marketing, para dizer que no país ouve um crescimento do acesso da educação superior.”
Antônio disse que o ensino a distância até poderia ser utilizado no processo de formação continuada, mas não para quem está em seu primeiro curso na faculdade.
“É diferente se oferecer um curso [a distância] de formação continuada para quem já tem uma graduação, já tem uma orientação clara sobre a sua formação profissional, e então, com alguma autonomia intelectual tem condições inclusive de ter uma visão crítica a cerca do que está sendo oferecido através da modalidade a distância.”

Fonte: De São Paulo, da Radioagência NP Desirèe Luíse. (www.radioagencianp.com.br)

Política social e desenvolvimento: Dilemas atuais

A dimensão econômica do conjunto da política social brasileira corresponde hoje a cerca de ¼ do Produto Interno Bruto (PIB), considerados dois dos seus principais indicadores, calculados pelas Contas Nacionais: “Benefícios Sociais (monetários) pagos às famílias e “Benefícios em Espécie”, imputados na renda familiar (serviços de saúde e educação básica, principalmente). No último ano em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) publicou detalhadamente esta informação (2003), os Benefícios Monetários correspondiam a 15,6% do PIB e os “Benefícios em Espécie” 8,34%. Mas antes que o leitor pergunte sobre o Programa “Bolsa Família” neste contexto, é preciso esclarecer que este era e continua a ser muito pequeno nesse conjunto – ao redor de 0,3 a 0,4 do PIB, e de fato não tem a dimensão econômica e social que se lhes atribui na política social, muito embora tenha significado político-eleitoral especial, a ponto de merecer um tratamento governamental e midiático muito superior à sua dimensão sócio-econômica.
Esse conjunto de ações e serviços públicos, que denominamos de política social, é até certo ponto um corpo estranho para efeito das agendas de decisão política do governo federal. Também o é às análises da imprensa, que por razões compreensíveis trata apenas das ações singulares em cada domínio da política social, mas nunca do seu sentido geral. Mesmo à reflexão acadêmica, o tema política social em geral escapa a curiosidade dos Encontros Nacionais de Pós-Graduação das várias ciências sociais afins, a menos das exceções que explicam a regra.
No caso específico do governo federal, há uma notória pulverização de Ministérios e “Programas Sociais”, mas não existe, a exemplo da política econômica, uma coordenação e tampouco articulação de conjunto da política social.
Mesmo com todas essas lacunas da coordenação, reflexão e informação, existe um conjunto de ações e serviços públicos que teima em crescer (se considerada sua relação com o PIB), há mais de uma década, quando princípios de direitos sociais foram regulamentados e os cidadãos passaram a exercê-los nos limites daquilo que vem se configurando como “estado de bem estar social” brasileiro.
Planejar o futuro, pelo menos duas a três décadas à frente, é parte integrante do conteúdo das políticas sociais que lidam com demandas intergerenciais previsíveis, como sejam a educação básica, o seguro social, a saúde pública, a habitação popular etc. Quaisquer desses subsistemas são pressionados por uma demanda física, nunca inferior a 3% de incremento anual, crescimento este que reflete um fator demográfico estrito.
Isto posto, o debate atual sobre o futuro da política social brasileira está inevitavelmente ligado à evolução do atendimento dessas e de outras necessidades básicas, numa população cujo crescimento demográfico nas próximas décadas, somado às expectativas de inclusão social, deverá ainda elevar a proporção dos gastos sociais no Produto Interno Bruto para níveis necessariamente mais elevados que os atuais. Isto é padrão normal de desempenho, quando se implanta e desenvolve o chamado estado do bem estar, cuja função precípua é de proteger a sociedade contra riscos que ameaçam sua coesão interna.
A questão crucial, que não está equacionada, é a do conjunto de recursos fiscais com que contaria a política social para dar este salto de quantidade e qualidade – do presente ao futuro.
Aguarda-se uma proposta da reforma tributária que se disponha a enfrentar esta discussão. Mas não vale congelar o “status-quo”, nem voltar às práticas pretéritas do regime militar, sonho dourado dos conservadores e fiscalistas de plantão.
O real dilema atual do modelo constitucional de estado de bem estar brasileiro é que este ainda não é viável para completar seu ciclo de universalização de acesso, por falta da redistribuição de renda, que apenas uma reforma tributária séria poderia viabilizar. Por sua vez, nenhuma reforma tributária neutra ou antagônica, do ponto de vista distributivo ( com o é o Projeto atual – PEC 233-2008), é legítima para merecer aprovação do Congresso, não obstante todos os vícios da representação atual.
(*) Economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). (www.radioagencianp.com.br)

MST considera programa Bolsa Família importante, porém limitado

O governo federal quer, ainda neste ano, incluir todos os sem-terra no programa Bolsa Família. Com isso, os acampados deixariam de receber as cestas básicas. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as políticas públicas que ajudem a resolver os problemas emergenciais das famílias de trabalhadores são importantes, no entanto, considera que programas de assistencialismo, como o Bolsa Família, são limitados.
De acordo com o integrante da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues, o que melhor ajudaria as famílias é um programa de reforma agrária. Ele ressaltou que os sem-terra não vão abrir mão do Bolsa Família, mas fez a crítica:
“Nós achamos que isso cria uma dependência econômica aos programas sociais do governo federal. Em nossa avaliação, o governo deveria fazer com que os assentamentos sejam produtivos para vender os seus produtos e que as famílias que estão em acampamentos possam avançar para assentamentos, com a perspectiva de avançar em sua produção.”
Em 2008, o governo distribuiu cerca de 920 mil cestas de alimentos para 220 mil famílias acampadas. A média foi de uma cesta básica a cada quatro meses. Com o Bolsa Família, a distribuição do benefício será em dinheiro e mensal.Para incluir novos cadastros no programa Bolsa Família, o orçamento de 2009 será ampliado em R$ 400 milhões, atingindo quase R$ 12 bilhões.
Fonte: Radioagência NP, Desirèe Luíse. (www.radioagencianp.com.br)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Poucos adotam 'selo verde' no País

Cada vez mais exigidas das empresas e das administrações públicas na hora de fechar contratos ou parcerias, as certificações ambientais ainda são difíceis de ser reconhecidas pelos consumidores brasileiros. Os poucos produtos disponíveis no mercado com o chamado selo verde não trazem informações sobre sua origem com clareza.
A diretora de estudos e pesquisa do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) de São Paulo, Valéria Rodrigues Garcia, defende que esses produtos devem informar sobre o processo que garantiu o reconhecimento da marca. Ela não se lembra de ter recebido, até hoje, nenhuma reclamação de consumidores sobre a qualidade sustentável de um produto. Mas "nada impede alguém de fazer uma denúncia se desconfiar de algum certificado".
Na opinião de Lisa Gunn, coordenadora executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a certificação é um instrumento importante na hora da compra, porque ajuda a identificar produtos de menor impacto ambiental. Mesmo assim, é preciso manter a atenção. "O consumidor tem de saber distinguir a autodeclaração da certificação, que envolve uma terceira parte (outra empresa ou certificadora)", diz ela.
Também é necessário avaliar se o selo certifica um produto ou indica o sistema de gestão de determinada empresa. "Um modelo de gestão sustentável não indica, necessariamente, que o produto comercializado é ambientalmente melhor. Assim como o produto certificado não atesta a gestão sustentável de uma empresa."
Além disso, alguns setores não têm um sistema padronizado, que ofereça informação confiável ao comprador. "A maioria dos produtos, por exemplo, ainda não informa a melhor forma de descartar a embalagem", diz Valéria.
O Idec elaborou o Manual de Consumo Sustentável, adotado em 2005 como material de referência pelo Ministério da Educação para instruir professores sobre consumo e sustentabilidade. Hoje, o documento guia também vendedores e compradores com consciência ecológica. O site da instituição (idec.org.br) disponibiliza o manual para download gratuito.
Para ter ideia do tamanho da demanda por produtos ecologicamente corretos, o Instituto Akatu, que considera o consumidor como agente transformador, realizou em 2006 uma pesquisa com 1.275 pessoas em 11 cidades brasileiras.
Apenas 33% dos entrevistados foram classificados como engajados ou conscientes. "O consciente é o top e entende a questão ambiental inserida no contexto coletivo. Ele compra produtos com certificado, pede nota fiscal e economiza água. O engajado está a caminho do consciente", diz Dorothy Roma, gerente de pesquisas e métricas do Akatu.
Catálogo Sustentável - A profissional de relações públicas Thaís Cavicchioli, de 21 anos, é uma das consumidoras conscientes que encontraram na internet uma boa fonte de informação sobre produtos. Antes de fazer uma compra, ela consulta o site Catálogo Sustentável (catalogosustentavel.com.br), desenvolvido pelo Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "No supermercado, é difícil ver se um produto é realmente sustentável", diz.
No ar desde abril do ano passado, o site conta hoje com cerca de 560 itens cadastrados, entre produtos e serviços. Todos precisam passar por uma avaliação para entrar na lista. "Não consideramos nenhum selo verde que não tenha critérios objetivos", afirma Luciana Stocco Betiol, coordenadora do Programa de Consumo Sustentável da fundação.
Normatização - Até o próximo ano também deve ser publicado outro indicador de sustentabilidade. A Organização Internacional para Padronização (ISO, na sigla em inglês) promoverá um encontro na semana que vem, no Canadá, para produzir a versão semifinal do ISO 26.000.
Entre as normas da instituição, esta será a mais sustentável até hoje, porque pretende criar padrões de responsabilidade social. "O tema é complexo. Vai de direitos humanos a governança corporativa, de meio ambiente ao direito do consumidor", diz Aron Belinky, um dos redatores principais do documento, que vai servir como uma guia de diretrizes para melhorar sistemas de gestão, e não um certificado.
(Fonte: Lucas Frasão/ Estadão Online)